Curso de Especialização em Ética, Valores e Cidadania na Escola

Convivência Democrática

Vídeo-Aula 03
A globalização e o Impacto Sobre as Culturas
Prof.º  Mário Nunes – USP







Grande é a influência da Globalização no cotidiano atual. Todas as possibilidades de mudanças, valores que oscilam todo o tempo, e a Educação e a Cultura não ficam distantes em nada deste processo. As consequências são enormes no que tange à população que necessita se preparar para um mercado de trabalho que acompanha essa tendência. Muito se tem a fazer neste contexto e educação é sempre o caminho!
Vivemos num mundo em que a tecnologia aproxima as pessoas rompeu a barreira do tempo e do espaço, possibilidade de escolha e a sensação de liberdade para fazê-lo nunca foi tão intensa. Muitas identidades e culturas se comunicam como nunca visto na história da humanidade. O mundo foi se tornando mais interconectado. A partir disso e outros tantos exemplos que se pode dar, vai se constituindo a globalização.
A globalização não é recente, esta enraizada no capitalismo. Pode ser definida como um impacto avassalador dos processos econômicos globais. Ascenção do neoliberalismo: trabalhar mais com menos gastos sociais.
As mudanças e transformações que vem ocorrendo nas politicas e culturas globais, quanto mais as identidades são mediadas pelo mercado global de estilos lugares e imagens divulgadas pela mídia, mais as identidades se deslocam da sua tradição. Somos confrontados por tantas identidades que nos dão a impressão que escolhemos livremente o que nos convém, sem levar em conta os apelos que são feitos para cada parte diferente de nós. É assim que o consumismo se instaura. É no interior do discurso do consumismo global que a s tradições culturais parecem estar ameaçadas , mas tem ocorrido também resistência a globalização. Cresce a resistência a globalização reforçado o fundamentalismo na defesa de valores marcados pela tradição de seus grupos. Por exemplo, os ataques homofóbicos que vem ocorrendo no Brasil. As identidades tornaram-se fragmentadas, fluidas e descentralizadas,. Os efeitos  da Globalização são contraditórios e não produzem resultados iguais no mundo inteiro. Isso faz entender que as transformações decorrentes da Globalização não podem ser compreendida se não atentarmos para o contexto cultural onde nasce.
O que se espera da Educação neste contexto: que a educação ofereça atuações diante do mercado instável, as novas demandas do trabalho requerem novas  habilidades e flexibilidade para que o sujeito se prepare para mudar de emprego no decorrer da vida, mão de obra internacional competitiva, conceito de equipe como norma da organização do trabalho, maior uso da força de trabalho, crescente mudança na produção intensiva do capital que resulta na desespecialização e desemprego.






Vídeo-Aula 04
A Convivência Democrática na Ótica dos Estudos Culturais
Prof.º  Mário Nunes – USP






A cultura é constituída na relação social, mas não se pode dizer que seu desenvolvimento se dá de forma neutra e natural. A mídia tem um papel preponderante dentre outras formas de intervenção.
Há uma tendência a se estabelecer uma cultura considerada de alto nível, mais valorizada e uma popular, considerada inferior. Os Estudos Culturais pretendem mostrar que também esta é importante e deve ser valorizada.
Isto é feito através de pesquisas que querem desmistificar as relações de poder que envolvem as culturas dominantes. Observemos o que nos tem a dizer o Professor Mário Nunes:


Os Estudos Culturais – examinar práticas culturais dentro das relações de poder.
Condições de emergência: intelectuais de classes populares da Inglaterra vem criticar as colocações dos intelectuais da alta cultura em relação a cultura popular e de massa. Ao contrário do que eles diziam de que nas classes populares há mau-gosto, passividade e submissão, estes postulavam que nestas classes havia resistência e produção. 
Dois foram os determinantes históricos que deram origem a estes estudos: o fim do imperialismo britânico após a Segunda Guerra Mundial, trazendo para a sociedade intelectuais com origem colonial e com novos posicionamentos e a reorganização do campo cultural a partir do impacto da expansão do capitalismo, democratização do acesso da radio TV, publicidade. Enfraquecendo o poder cultural das elites.
Os Estudos Culturais intervém na produção de significados e valores mais democráticos na sociedade marcada pelos meios de comunicação de massa. Toda relação social é marcada pelas relações de poder.
Caracterizam-se como campo de pesquisa com três pressupostos: projeto político, uma inserção pós-moderna e perspectiva interdisciplinar. Nunca se fecham ou se concretizam por conta de serem ressignificados no diálogo com os novos autores e pontos de vista.
Toma partido dos grupos desprivilegiados nas relações de poder e em sua luta pela significação. Fica do lado dos mais fracos socialmente. Recusam desvincular a politica do poder dos processos que definem as experiências e modos de ser ditos como correto, querem uma sociedade democrática.
Campo de pesquisa interdisciplinar, recusa-se compartimentar o campo de conhecimento. O termo cultura compreende as práticas sociais, análise das práticas vividas em diversos grupos. Vistas como territórios a ser contestados, campos de luta pelo poder, de intervenção política. Podem ser representados pela escola, clube, espaços de lazer arenas de politicas culturais.




Da mesma forma que ocorrem transformações culturais globais a vida é afetada pelos meios de comunicação social. Os jovens são capazes de conversar com muitos ao mesmo tempo em que trabalham e estudam em horários vistos como improdutivos. A formação das identidades se dá pela cultura. Relação que vivemos com instituições e relações sociais estabelecidas com as instituições suas práticas e crenças.






Vídeo-Aula 07
Os Estudos Culturais e a Produção da Identidade e da Diferença
Prof.º  Mário Nunes – USP







A identidade é construída a partir da identificação com alguns grupos sociais, suas práticas, valores, etc. Ela é produzida  a partir  do estabelecimento dos iguais e dos opostos. Entender esse processo pode facilitar para que a escola use da identificação a seu favor, ou seja, a partir das afinidades e das preferências a escola tenha condições de criar oportunidades para o diálogo e para falar a linguagem do grupo.
A possibilidade de abrir este espaço faz com que a escola também seja campo de disputa de espaços, cabe a cada um de nós garantirmos o espaço para que todos aprendam e assegurar ao “outro” a oportunidade de igualmente desenvolver-se.
Olha o que nos diz o professor Mário Nunes:
A cultura que normatiza as nossas ações e vem sendo influenciada pela globalização:
Existem 3 concepção de identidade. Como as pessoas veem umas as outras:
Iluminismo: o sujeito nasce com uma identidade que pouco se desenvolve ao longo da vida. Independe da experiência pessoal. Quando o professor enaltece alguns alunos que nascem com algum talento, quando eles se referem ao baixo desempenho como se não houvesse solução.
Sociológica: há um núcleo interior, mas este pode ser modificado na interação com o mundo externo. Identidades estabelecidas em conformidade com a cultura em que está inserido de modo permanente. Essa talvez seja dominante na escola. Questões como moradia, social, gênero, etc., dificuldades de aprendizagem...
Pós-moderno: se refere às condições da sociedade que vivemos. Valores diferentes das antigas estruturas sociais. Não há espaço para valores soberanos e únicos. Trata-se de uma identidade contraditória e transitória. O sujeito é composto por várias identidades, gênero, classe, raça, nacionalidade,  origem ética , religião, etc., e todas são móveis e depende da cultura em que está inserido.
            Compreende-se a identidade como fruto da linguagem. Está diante de processos que querem torná-la a norma. Significa normatizar um modo de ser e não outro, o outro no grupo cultural é visto como a diferença.  A gente pode compreender a identidade, a norma, o correto e  o que é a diferença o outro, marcado em sua negação. Podemos afirmar que a discussão entra identidade e diferença tem haver com questões de poder. A identidade que está em questão nas lutas sociais. O significado das coisas que estão em jogo está submetido a uma relação de poder. Em situações de assimetria, a dominação estigmatiza uma identidade negativa para o outro.
Para entendermos melhor: alunos alinhados com as expectativas recebem olhares e significados bem diferentes aos que não estão. A identidade e a diferença precisam ser marcadas.
Cada grupo social tem sua forma de classificação. O processo de marcação da diferença ocorre por meios classificatórios A construção da identidade e diferença depende do modo que as pessoas produzem.
No caso da sociedade globalizada e de consumo .ter certo carro, usar certa roupa, etc a construção da identidade é relacional. O processo de classificação é vital na organização social, Por meio dos sistemas classificatórios que a sociedade pode organizar e ordenaras coisas do mundo dar significados a elas e dividí-las por características em pelo menos dois grupos opostos. Cada grupo social tem a sua forma de classificar, é pela maneira que se constrói os sistemas de classificaçãoque a cultura nos fornece a possibilidade de darmos sentido ao mundo social que vivemos e estabelecer seus significados. A construção da identidade e da diferença dependem pdo odo comoa sociedsde produz siuas classifuicaçãoes. A diferença é estabelecida culturalmente.
No caso da sociedade globalizada  e de consumo ter certo carro adotar certos comportamentos, possuir certa especialização profissional , carregar alguns artefatos classificam o sujeito no interior dos sistemas simbólicos que inseridos em um circuito cultural este produzem significados sobre as pessoas e constroem identidades associadas a quem consome ou participa deles. A identidade e a diferença estão na luta pelos recursos simbólicos e materiais da sociedade.
            Mesmo entre os grupos vistos com uma determinada identidade, onde alguns tipos de diferença geram mais conflitos que outras, surgem as diferenças dentro das diferenças. Estão relacionados à classe social, raça, gênero, preferência musical, etc. A pertença ao grupo apaga as diferenças de cada um deles, apesar de terem várias características diferentes. Os grupos de pertencimento a cada identidade são marcados pelo uso de determinados símbolos, aspectos materiais e rituais, roupa, revistas, filmes, comportamentos morais, musica, adesão ou apreço por certas práticas, religião criam o pertencimento e a diferença.
                       



Vídeo-Aula 08
A Convivência Democrática e a Sociedade Contemporânea
Prof.º  Marcos Garcia Neira – USP




Na sociedade atual estamos na luta por termos as nossas diferenças aceitas. É importante perceber que este é um processo pelo qual a sociedade vem passando a muito tempo. É importante desenvolvermos a capacidade de lutar pelo respeito merecido.
 Se por um lado devemos ser respeitados no que nos diferencia, da mesma forma, necessitamos ser respeitados no que somos iguais. Este é o princípio da equidade. Precisamos buscar o equilíbrio entre essas duas realidades e viver na sociedade de maneira harmônica, sem que sejamos descaracterizados.
Com muita propriedade o professor Marcos Neira faz suas proposições:
Cenários do 3º Milênio: contrastes.
O mundo passou por uma reorganização geográfica,  se num primeiro momento tudo que era produzido na Europa era valorizado, hoje houve uma mudança do polo econômico, que foi ocupado em uma fase pelos EUA, e é principalmente ocupado atualmente pela China. Essas transformações propiciaram o surgimento do Neoliberalismo, do consumismo, do predomínio de um idioma sobre os outros, da mudança nos meios de produção, desencadeando uma mudança no contexto político.
Se em certo momento costumamos ver determinadas pessoas, países no poder, isto tudo nos remete a um conceito de Comunidades Imaginárias (Anderson 1993): diante de um acesso tão grande a experiências diferentes. nós nos sentimos pertencentes a certos grupos e acabamos pensando que estas comunidades existem e são sólidas, e nós temos uma marca de pertença a ela. Elas não são puras, nós temos outros elementos que nos constituem.
O terceiro milênio é marcado também por uma forte disseminação de textos culturais. Veicula determinadas ideias. Hoje, pela efervescência dos meios de comunicação acessamos diferentes representações de mundo, de  homem, de trabalho, e esses textos nos modificam, interferindo sobre nós. Nos constituímos a partir de representações que acessamos e de nossas interações com elas.
Ao assistir um programa de TV, ler um livro, conversar, etc. eu vou me posicionando e vou sendo posicionado por estes textos porque eles vão dizendo como devo ser. Esta ideia faz com que a gente lentamente seja levado a assumir determinada posição de sujeito. Estes textos tentam estabelecer conosco politicas de identidade, quem você deve ser.
 As formas “corretas” de ser são vistas como identidade e as incorretas como sendo as diferenças. Se nós estamos pensando em uma convivência democrática, nós temos que pensar no equilíbrio maior entre identidade e diferença, e ficarmos mais atentos ao processo de construção destas. Esse conceito foi chamado de “Choque de Civilizações”. Na verdade estamos, via meios de comunicação, produtos e meios culturais, acessando as representações sobre o outro. O que pensa, o que age, o que  gosta diferente, atribui significados diferentes às coisas do mundo. Hoje temos vários elementos que geram conflitos como as questões de gênero, por exemplo. Hora os meios de comunicação e os textos do livro didático tentam homogeneizar os grupos, hora nós vamos entrar em politicas  para defender que somos diferentes.
Se por um lado a sociedade neoliberal preza a homogeneização, resistimos chamando atenção para as nossas diferenças.  Esse processo produz mecanismos de inclusão ou exclusão. Temos assistido a reivindicação da diversidade. Só consigo ser igual quando as minhas diferenças são respeitadas. O conceito que temos trabalhado é o conceito da equidade, não posso estabelecer a mesma experiência para todos da mesma maneira.  O reconhecimento da diferença é a base da Convivência Democrática.





Vídeo-Aula 11

Políticas Culturais, Multiculturalismo e Currículo
Prof.º  Marcos Garcia Neira – USP




A serviço de que estão as aulas por nós preparadas? Quais são os conteúdos por nós selecionados? Que tipo de alunos queremos somos reprodutores de uma cultura determinada ou permitimos que as culturas trazidas pelo grupo escolar interajam de forma adequada e  produtiva? É possível para você saber a que sua postura está servindo? Seu fazer profissional é critico?
Precisamos pensar nestas questões antes de levar algo para a sala de aula. precisamos reconhecer que tipo de agente eu sou dentro desta imensa quantidade de possibilidades culturais que às vezes são sufocadas pela impactante cultura imposta pela sociedade dominante e pelos meios de comunicação social.
As colocações do Professor Marcos Neira nos ajudam a situar o que estamos fazendo do nosso trabalho e a serviço de que está o currículo por nós apresentado:
Políticas Culturais:
- Segregacionistas: posicionam as pessoas segundo suas características em determinados lugares. Dependendo do grupo a que você pertença você pode ou não estar lá.
Assimilacionistas:  partem do princípio de que a forma de ser, pensar e agir de determinado grupo, os significados,  são mais interessantes, corretos enquanto os atribuídos por outros grupos são menos importantes. Há uma força para que outros grupos sejam assimilados pelo grupo mais forte.
- Integracionistas: enxergam as diferenças e procuram trazê-las preservando significados que os grupos possuem. Procuram trazê-los para o convívio com os demais. Para a convivência democrática precisam acontecer com maior incidência.
Multiculturalismo:
- Conservador ou Monocultural: as diferenças existem, mas a cultura que ele representa é a verdadeira,  a mais importante. Lentamente, esse grupo vai apagando as diferenças culturais, buscando homogeneizar todo o grupo.
- Liberal: amparado nas ideias do Liberalismo. Existem várias culturas, e o que nos iguala é que pertencemos a uma mesma humanidade, que nos aproxima. As culturas que sobreviverão são aquelas que pertençam aos grupos que vençam esta luta cultural. Tem relação intima com a ideia de mercado.
- Pluralista: as pessoas possuem identidades culturais diferentes. Numa sociedade democrática todos precisam se expressar, é preciso criar espaços para que isto aconteça. Este tipo valoriza as múltiplas identidades, mas não as coloca para pensar, refletir porque umas são mais valorizadas que as outras. Se apenas cria espaços não provoca embates não sai de onde está. Eu tenho uma cultura e ele tem a dele.
- Essencialista de Esquerda:  nós assistimos no final do século XX a emergência de algumas pedagogias que valorizavam a ideia de transformação da sociedade e que esta aconteceria se atribuíssemos valor ou reconhecêssemos o repertório de determinados grupos que estavam em condições desvantajosas e se nós analisássemos como que os grupos vantajosos manipulavam as suas condições de vantagem. Essa ideia vai nos dizer que estes outros grupos, eram essencialmente  oprimidos nas relações, ninguém é absolutamente puro.
-Crítico ou Intercultural: valoriza as diferenças, reconhece que os grupos atribuem significados diferentes às coisas do mundo e vai promover experiências de encontro entre os grupos para que as pessoas possam enxergar como os outros são e compreender que forças atuaram para que cada grupo se posicionasse daquela forma. Promover atividades que façam com que reconheçam as forças que atuaram para colocar a mulher, o idoso,  o índio, o negro em posição desprivilegiada.
Esses elementos nos trazem impacto interessante no currículo, entendido como toda experiência proposta pela escola ou a partir dela. Por essa razão todo professor, ao se perguntar quais critérios são utilizados para selecionar temas, conteúdos e  atividades esta fazendo uma ação de currículo.
Nesse caso o currículo e visto como texto. É importante perceber as decisões curriculares como ato politico. Toda a ação de elaborar a atividade, selecionar conteúdo tem que ser pensada porque você estará posicionando a pessoa de uma maneira ou outra.
Visto enquanto texto e a partir das politicas multiculturais, temos currículo que posicionam as pessoas de forma a manter as coisas como estão às vezes fazem com que as crianças aprendam que aquela é a melhor e única maneira de serem, outros negam em absoluto a existência de outras possibilidades. Queremos currículos interculturais ou críticos, que reconheçam e trabalhem com a diversidade cultural, que valorizem os conhecimentos das culturas que frequentam a escola para que estas possam ser vistas e ver-se como legitimas.




Vídeo-Aula 12
 Multiculturalismo: Encaminhamentos Pedagógicos
Prof.º  Marcos Garcia Neira – USP

No texto anterior discutimos vários aspectos do multiculturalismo. Após fazer a reflexão por mim proposta na introdução do texto passado, o Prof. Marcos Neira oferece dias concretas de como trabalhar um currículo multiculturalmente orientado.
Um professor crítico é capaz de educar de maneira crítica e adequada, subsidiando os seus alunos para que enfrentem a realidade atual com condições de responder às demandas da mesma.
Multiculturalismo: resume todas as ações implementadas que visam diminuir as desigualdades sociais, que vão contribuir para reconhecer as diferenças.
Dois  focos: Currículo multiculturalmente orientado e as práticas pedagógicas que caracterizam este.
Como características principais nos apresentam o prestígio de procedimentos democráticos desde o planejamento. Todas as ações são sensíveis à participação das pessoas e ao reconhecimento do que as pessoas trazem. Também promove a reflexão crítica das práticas sociais. Há que se pensar como vem, aparecem e se estruturam as práticas sociais. Porque são de uma forma e não de outra.
Uma reflexão crítica que envolva comparação analise da origem, das transformações, como se caracterizam em espaços diversos. Este currículo promove o entrecruzamento das culturas. Os alunos devem ter acesso a outras perspectivas deste fato.  Este currículo valoriza diversos contextos e focos do mesmo assunto, sua resistência a reprodução da ideologia dominante é outra característica, o currículo deve questionar as relações de poder embutidas nos temas trabalhados e nos conteúdos que vão aparecendo. Deve estar preocupado em enfatizar as diferenças e evitar a homogeneização. Isto se faz estudando as diferenças para que as pessoas possam se reconhecer a partir de sua própria identidade.
Práticas Pedagógicas:
-Um mesmo assunto é tematizado sob diversos pontos de vista para que os alunos percebam que não há uma verdade única sobre o fato. A científica é apenas uma delas. Colocar o assunto sob análise, como ele aparece na vida do aluno, na sociedade.
- O ponto de vista da comunidade é reconhecido e valorizado, o que o aluno sabe é um dos pontos de vista que será valorizado na tematização, o conhecimento apresentado pelo aluno deve ser apresentado no mesmo patamar dos vinculados pela professora.
- A hibridização discursiva: o discurso acadêmico, experiência dos alunos, senso comum, todos esses devem ser misturados no currículo que deve ser misto.
- A utilização de mecanismos de diferenciação pedagógica: o professor que se orienta por esses princípios valoriza o repertório dos alunos de formas diferentes. Daí a importância de misturar pesquisa com leituras, com coletas de dados, depoimentos, variadas fontes, etc.
- A pedagogia do dissenso: se os alunos, professores, a Ciência possuem  cada um suas próprias representações, estaremos sempre em debate, nunca haverá um consenso. A sala de aula tem que ser um encontro de posicionamentos diferentes.
Ao contrário de propostas pedagógicas que vão do simples para o complexo ou que valorizam as representações dos alunos para construir sobre elas, nestas perspectivas todos os assuntos podem ser trabalhados com os alunos para que as análises e sínteses sejam alcançadas.
- Abordagem etnográfica em sala de aula: olhar para o tema e tentar encontrar as origens e lá, porque determinadas marcas estão presentes. Quais os significados que as pessoas que produziram o tema valorizavam. Todo conhecimento é reconstruído o tempo todo.
- Registro: por ele é que percebemos se estamos caminhando numa direção ou em outra. Deve ser do professor e do aluno. É através dele que avaliamos se os objetivos estão sendo alcançados.






 Vídeo-Aula 15
Produção da identidade/diferença: culturas juvenis e tecnocultura
Prof.ª  Mônica Fogaça – FEUSP


O conceito de juventude está intimamente relacionado à época. E não exatamente à questões orgânicas, naturais. É na relação social que a pessoa torna-se jovem e juventude traz em si componentes da cultura de um local, de uma época.
A mídia tem grande influência na  cultura juvenil e ao mesmo tempo é influenciada pelas tendências apresentadas por alguns grupos e sabe fazer bom uso da informação. A escola precisa aprender com ela a aproveitar o interesse apresentado pelo aluno para  otimizar suas ações educativas. Aprender a fazer uso da tecnocultura em favor da aprendizagem. Sobre isso nos fala a Profª Mônica:
O fenômeno das culturas juvenis: ser jovem é uma condição natural ou cultural?
Se for Natural, depende da parte genética, hormônios e maturação, se for cultural: depende da influência do contexto, do social.
Para um autor renomado da área é fenômeno cultural por ser resultado das condições econômicas, políticas e culturais de cada época, além disso, o discurso a respeito do que ele é influencia no que será. Mais do que maturação dos órgãos sexuais, pode-se acompanhar pessoas de idade iguais de locais e épocas diferentes com comportamento diverso. Posso comparar pessoas de 12 anos de idade atual e no século XIX já estariam trabalhando, casadas e com filhos, hoje estão na escola, com mais tempo de ócio, lazer em grupos de iguais, etc. essa condição que temos das culturas juvenis surge da década de 50 pra cá.
Condições históricas e discursos:
Grécia Antiga – grupo pequeno de homens da elite que governaria. A juventude chegavava aos 40 anos, tinham  tempo de ócio grande  para preparar para cargos de comando.
Sec. XVII – primeiro passo da versão atual de juventude. Melhora as condições de higiene, reduzindo a mortalidade. Inventa-se a imprensa, começando a publicar livros. A arquitetura das casas muda de modo que há um isolamento das crianças em espaços diferenciados dos adultos, o que dá inicio à infância, pois até então as crianças participavam das práticas adultas, inclusive sexuais.
Após as Revoluções Industriais dos séculos XVIII e XIX: agora há necessidade de se aprender mais do que ler, aprender e contar, são as necessidades para o mundo do trabalho, estendendo-se o tempo entre a infância e a vida adulta para haver esse tempo de ócio voltado à formação. Na Europa e EUA, países ricos, ocorre a entrada da classe média nas escolas e nesse tempo de ócio.
Entre 1945 e 1975, auge do crescimento do capitalismo na Europa e EUA,  os empobrecidos passam a ficar mais tempo na escola, surgem leis para garantir o acesso até os 16 anos. No Brasil quem ingressava na escola nesta época era a classe média.
 Nesta época o crescimento econômico é concomitante ao da mídia com a TV e o cinema difundem formas de ver o que é ser jovem. E ela apresenta a imagem de jovem universal: ser rebelde, usar drogas, desejar e fazer experiência sexual, ouvir rock, certos tipos de roupas, representação típica do James Jean no filme “Juventude Transviada”. O problema do desenvolvimento das mídias é que o isolamento entre mudo adulto e infantil vai sendo quebrado. As crianças começam a ter acesso a segredos nos livros adultos, guardados nos cômodos diferenciados da casa, segredos sobre sexualidade guerra, violência, corrupção, problemas no trabalho, etc. Mas a mídia,  embora seja vista como vilã,  ela só divulga o que já é pratica em alguns grupos sociais e, assim os jovens se identificam e passam a desenvolver novos comportamentos. Não é a TV que determina, mas ocorre um processo de identificação. O jovem vai percebendo o que há de comum com outros discursos que já viveu e, às vezes, constitui até uma identidade contraria.
Em 1960 surge um campo interdisciplinar chamado Estudos Culturais cujo foco era estudar as mudanças que aconteceram após Segunda Guerra Mundial, como essas  mudanças influenciaram na Inglaterra. Por conta disso estudaram também a juventude e descobriram que não existe um formato universal de juventude, mas muitos grupos, gostos musicais, indumentária gostos diferentes, é diferente ser jovem de diferentes países, campo e cidade poder aquisitivo, etc. alguns tem o padrão divulgado na mídia valorizado, dominante, e são melhores aceitos. Os menos validados são considerados diferentes.
Percebendo isso eles estudam as indústrias culturais, foco diferente em relação as mídias, agora começa se a investigar como é o padrão e como influencia ou não. Hoje o padrão da mídia é o padrão do jovem feliz saudável, frequentador de festas, de sucesso seguro popular, rapazes cercados de mulheres. Este padrão é associado com artistas, esportistas, homem de negócios e políticos. É vendida a ideia de que este é o padrão de identidade e não ser assim é a diferença. As mídias para garantir a identificação dos jovens com seus programas, visto que elas não conseguem influenciar diretamente, encomendam pesquisas e, a partir destas pesquisas, produz seus programas, verificam interesses e práticas culturais dos jovens. Elas não inventam padrões, eles estão conhecendo grupos já existentes para tentar coletar e assegurar essa identificação, eles encontram tendências.
A escola precisa aprender isso com a mídia, mapear e fazer levantamento das características dos jovens da comunidade para conseguir gerar identificação sedução, isso facilita o diálogo, ao invés da rejeição.
Existem vários fatores de influência na produção do fenômeno da juventude e ser jovem é uma conquista social, mesmo com a violência nas escolas, indisciplina, pois antes poucos, só a elite participava da escola  hoje precisamos aprender  a lidar com a diversidade de comportamentos de culturas juvenis, suas culturas não são aceitas são vistas com a subversão.
Tecnocultura = cybercultura
A maioria dos jovens urbanos tem por cultura o ambiente da tecnocultura ou cybercultura, internet. A MTV encomendou cinco dossiês desde 99 e o último em  2010 para verificar o comportamento dos jovens e descobriu a grande importância dos aparelhos eletrônicos na vida deles. A pesquisa foi feita nas classes A, B e C em jovens de 12 a 30 anos nas capitais brasileiras. Em 1999, 15 a 20% tinham celular e internet, em 2010 mais de 90% e eles usam com funções especificas, eles sabem quando devem usar cada instrumento. Além de funções diferentes tem tipos de linguagens diferentes, conversa-se com muito mais do que seria só a fala.
Se culturas anteriores tinham o conflito de gerações, pegavam a geração anterior, geravam pequenas contestações para fazer pequena mudança esse grupo atual é diferente, nem pegam o modelo anterior, acham que o modelo anterior não serve para nada e até o padrão de mudança é criado por eles, por isso hoje existe esta experimentação constante no ambiente virtual. Onde tem acesso a ambientes distantes diferentes, faixas etárias variadas, experimentam produções e assim vão simulando o que seria a vida adulta. Fazem criação de produto muito cedo, podem ensinar e aprender com outras faixas etárias. Não basta utilizar os aparelhos eletrônicos. Não é a tecnologia digital que faz a diferença, mas a tecnocultura, eles vivem na internet um conjunto de práticas diferente o mundo de ora, e a escola tem práticas mais lineares, eles não só usam os aparelhos e artefatos, mas é como se e eles fizessem parte do próprio corpo, da identidade deles, esses aparelhos dão poderes para ir além dos limites que o ser humano teria, assim eles vivem uma série de novas características como a desmaterialização do próprio corpo. Lá podem criar um corpo novo se apresentar de maneiras diferentes, viver contextos diferentes, vivem tempos novos, pois ele é mais rápido na internet. Utilizam outras formas de leitura e pensamento, ao mesmo tempo em que conferem mais poder, refletem também os limites destes jovens que são mais inseguros com o próprio corpo, com as relações sociais presenciais, com a violência, preferindo shopping ou conversas no computador. A escola seria então, associando-se a tecnocultura, um espaço social de trabalho democrático. Os adultos são como alienígenas, tem formas diferentes de pensar sentir e agir, não tem como se comunicar. Dificuldade de se relacionar como um estrangeiro.           Desse modo a proposta de educação para jovens é necessário conhecer as práticas do outro grupo respeitá-las, se integrar e produzir um espaço de ensino-aprendizagem que tenha alguma influência sobre a formação da sua identidade de e que use a tecnocultura tentando ser fiel ao modo como são utilizados por ele na internet, pegar o que eles já utilizam e utilizar com as características das práticas deles em diálogo com as intenções da escola.




Vídeo-Aula 16
Encaminhamentos Pedagógicos: Blog no Ensino de Ciências
                             Prof.ª  Mônica Fogaça – FEUSP


            Usar a tecnologia e a tecnocultura como instrumento de trabalho na escola é muito interessante, pois o aluno da atualidade é bastante voltado para a tecnologia. Este relato de pesquisa nos ajuda a compreender as contribuições dadas por este instrumento.
A internet é o ambiente prioritário dos jovens urbanos. A escola precisa mapear as práticas dos jovens e aprender essas práticas para produzir um híbrido entre a cultura da escola e os seus procedimentos, valores, habilidades com os que são dos grupos juvenis.
Relato de um trabalho realizado por um ano em 6 classes de 35 a 40 alunos nas aulas regulares, onde o material da internet seguia em paralelo com o uso de ferramentas da Web 2.0.
A escolha do aplicativo deu-se  porque o blog produzia maior motivação, a qualidade do texto era muito melhor e maior capacidade de análise e aprimoramento dos conhecimentos. Foi verificado os tipos de uso que os professores faziam.
Depois foi feita a escolha de como seria feito o trabalho com o Blog. Fez-se o mapeamento das práticas culturais. Qual é a cultura da comunidade que está na escola. Para isso utilizou-se a dinâmica “Orkut concreto”
Os alunos foram convidados a fazer um perfil numa folha. Foram colocados os sacos plásticos na parede. Depois eles foram convidados a visitar as páginas do Orkut.
Eles deviam observar se havia característica comum com você e dizer quando acontecia. E colocava seu nome. Os resultados foram avaliados e perceberam muitas prátias esportivas, uso de aparelhos eletrônicos, citaram alguns passeios, uso de instrumentos, estética não foi citada, mas foi descoberto que era importante. A partir das práticas mais citadas, foram criados tema de estudo.  Os alunos montaram grupos e produziam  um mínimo de produções. A partir dessas foram feitas outras atividades em sala.houve ampliação de repertório e evolução.  Começam ampliar a noção de  tecnologia.




   Vídeo-Aula 19                                              
Relações Etnicorraciais na Escola
Cesar Rodrigues – FEUSP




O professor Cesar Rodrigues da FEUSP vai apresentar um assunto que marca a formação do povo brasileiro profundamente. Trata-se do preconceito e discriminação vividos pelas populações de etnias não brancas.  É importante que se reflita sobre esta questão para se tentar minorar os problemas causados por concepções desumanas e errôneas que geram o fracasso escolar e em outros ambientes sociais.
À escola cabe a responsabilidade de perceber o racismo muitas vezes camuflado, velado e agir de forma que amplie as possibilidades de aceitação entre os alunos. Não existe raça superior ou com mais condições de crescimento, o que existe é a possibilidade de, a partir de uma cultura preconceituosa, fechar portas a esse ou a aquele alegando por vezes coisas absurdas que,  sabidamente, são mascaradas para não parecer racismo.
Vejamos o que  ele tem a nos dizer:
Raça (Munanga, 1994): categoria, espécie. A princípio classificava animais e plantas. Depois começaram a utilizar para classificar a espécie humana.
Com o tempo deixou-se de lado no que se refere à espécie humana. Porém isso não significa que os indivíduos sejam geneticamente iguais. O grande problema deste conceito foi para determinar a espécie humana hierarquizada, decretando raça branca superior à negra ou amarela. Em cada localidade de acordo com a construção histórico-social a raça ganha uma nova definição.
 A partir da raça, vamos pensar no racismo como conjunto de teorias e crenças que estabelece uma hierarquia entre as raças. Segundo Munanga  o termo foi criado na década de 20 e seu conceito é diferente em cada local. Podemos falar no racismo clássico que se alimenta da noção de raça. A partir desta noção biológica é que se tem  todas as características do indivíduo, inclusive morais. O racismo novo se alimenta da noção de etnias definidas como grupo cultural, categoria, enfim, é utilizada em caráter mais aceitável do que a noção de raça.
A partir desses conceitos nós passamos a estudar a questão da etnia,  que significa conjunto de indivíduos que histórica ou mitologicamente tenham um ancestral em comum: mesma religião ou cosmovisão, tenham a mesma cultura e moram geograficamente no mesmo território. O termo etnia passa a ser usado entre os pesquisadores contemporâneos por ser considerado politicamente correto. A partir do uso do termo etnia o cidadão que vai discutir as relações etnicorraciais, deixa de trazer o peso da conceituação  biológica de raça tem.
Algumas etnias podem constituir sozinhas as nações, porém não tem a propriedade de comportar mais um grupo racial em suas configurações, ao contrário a raça pode ter várias etnias em sua configurações. Substituir raça por etnia, é apenas uma questão semântica do jogo de palavras para se trabalhar o politicamente correto. As vítimas são as mesmas. Assim  como as raças de ontem são as etnias de hoje. Substituindo você usa um termo mais educado, mas as relações desiguais de poder continuam a acontecer em todas as instâncias educacionais e da sociedade.
Nós somos um país de mestiços. Isso pode ser uma  afirmação perigosa, porque a medida que se fala que todos são oriundos da espécie humana, que todos tem características genéticas comuns, deixamos de pensar a questão político ideológica que envolve essas categorias, marcadores sociais. É baseado nisso que se firma o mito da democracia racial. Parece que ao reconhecermos que somos um país de mestiços, acabam-se os problemas da população negra no campo social, psicológico, no campo educacional porque as oportunidades seriam iguais.  Existe uma questão da cor que na medida em que vai sendo mais negra, vai dificultando o acesso de determinados grupos a determinados bens sociais.
Podemos não ter diferenças biológicas que nos separem, mas as diferenças sociais estabelecidas pelo conceito anterior de raça que se baseava numa superioridade de uma população sobre outra, vai refletir numa ascensão social, em todos os benefícios que esta população não branca poderá receber.
Os discursos de igualdade racial e/ou mestiçagem na escola refletem nas secretarias das escolas, corredores, refeitórios e principalmente na sala de aula. Quem sofre as consequências diretas desse discurso são os aluno e alunas negras, esses discursos produzem identidades e diferenças entre os discentes escolares. As identidades brancas sempre prevalecem sobre as negras. A construção dessas identidades e diferenças acaba por privilegiar a população branca em detrimento da negra, que está expressivamente representada nas escolas públicas. Cabe a nós professores observarmos o decorrer dessas relações etnicorraciais, observarmos as atitudes de preconceito e as atitudes que tomamos diante de situações do cotidiano pedagógico onde a intervenção, reflexão e discussão sobre esses marcadores sociais são mais que importantes para que possamos atingir a questão da justiça social e possamos dar um tratamento equitativo, dando mais a quem tem menos para que, a partir desse equilíbrio possamos oferecer em forma de igualdade tudo que se tem numa educação que se diz democrática e cidadã.





 Vídeo-Aula 20 
Diferentes possibilidades Culturais no Currículo Escolar
Cesar Rodrigues – FEUSP


O Currículo escolar precisa estar carregado de temas reais não tendenciosos e que valorize a cultura brasileira. Não a cultura  branca elitista, mas a cultura popular, que valorize o negro, o indígena, o nordestino, etc.  A cultura como conteúdo tem que provocar desenvolvimento, crescimento no aspecto da criticidade e da vivência consciente dos valores relacionados a cidadania.
A escola tem a  função social de diminuir as distâncias, as contradições entre os grupos culturais, tem a responsabilidade de quebrar preconceitos. Reflitamos sobre isso a partir das pontuações de Cesar Rodrigues
A produção das dificuldades e diferenças ocorre na família, na comunidade local, escola, mídia.
Na escola as identidades e diferenças estão em todos espaços escolares. Na sala de aula de forma mais acentuada. As diferenças são perpetuadas a partir de um referencial branco.
Alunos negros dentro da escola tem conflito grande por conta do seu enquadramento racial. As oportunidades estão nas culturas invisibilizadas e que compõe a diferença. O atrelar dessas culturas populares à condição desigual de poder impedem que essas culturas entrem no currículo escolar. Elas não deixam de existir, mas ficam excluídas do currículo escolar.
Ao trabalhar essas possibilidades culturais com os alunos estreita-se a relação aluno e escola e currículo escolar.
Como sugestão de atividade pedagógica, fazer um mapeamento com a participação dos alunos sobre o lazer, atividades de final de semana, visita local, traçar o perfil da comunidade a partir das suas manifestações culturais. Ao traçar o perfil observa-se uma série de fatores que podem facilitar ou não no diálogo do currículo escolar numa perspectiva interdisciplinar.
Cuidados a serem tomados: fugir das inserções curriculares turísticas, ou seja falar do problemas das desigualdades somente nas datas festivas. Estas manifestações devem estar presentes no ambiente escolar durante todo o ano dentro de uma perspectiva interdisciplinar mais abrangente. Cuidar de manifestações veladas racistas.
A descolonização e a justiça curricular, trabalhando com outras possibilidades que vem do continente asiático.  Possibilidade do estreitamento da relação dos alunos com a escola.




Vídeo-Aula 23  
Relações Sociais de Gênero: um direito e uma categoria de análise
Cláudia Vianna – FEUSP


 Devemos analisar as questões que surgem quanto ao gênero de maneira crítica, visto que a tendência é manter como natural e cristalizada a ordem social que afirma que os papéis masculinos e femininos já estão postos e claramente definidos.
Muitos espaços sociais ainda colocam hierarquicamente o homem como superior, porém esta estrutura só existe porque foi socialmente aceita um dia. Ela pode e deve ser alterada. Cabe a cada um de nós  promover o respeito às mulheres e aos homens de modo que cada um possa escolher o seu papel e tenha igualdade de oportunidades!
Vamos refletir com a professora Cláudia Viana a respeito deste tema:
A discussão de gênero nasce na luta pelos direitos sociais, diretamente ligada à ampliação dos direitos das mulheres. Também utilizamos o conceito de gênero para sair das explicações sobre as diferenças entre homens e mulheres que na nossa sociedade estão fundamentadas quase que exclusivamente em características biológicas, ou seja, em características físicas tidas como naturais e, portanto imutáveis. A ideia é registrar o caráter social do conceito que remete à dinâmica de transformação dos valores, das transformações sociais. Enquanto categoria de análise para olharmos o mundo, o gênero este ligado a constituição da desigualdade, no nosso país isso é mais do que evidente, os conflitos abrangem áreas diversas e temas que vão da exclusão de classes ao acesso a informação.
Na educação dá para perceber bem: em 2008, 14 milhões de pessoas eram analfabetas, com muito mais pessoas negras que brancas, somam se a essa realidade a dimensão geográfica. Mulheres jovens são mais escolarizadas que os homens e as mulheres mais velhas são mais analfabetas. São dimensões da desigualdade que exigem novos recortes e aprender a falar sobre essas questões.
Nesse processo destaca-se a luta das mulheres pelos direitos. É preciso lembrar que as identidades feministas são conquistas histórica.
A primeira onda feminista, sec. XIX Europa e EUA, foi formada por mulheres brancas e tratou-se sobre o direito ao voto
A segunda onda aprofundou as questões sociais e políticas, lutou contra o patriarcado. Essa estrutura possui divisão do trabalho extremamente clara. As tarefas da  casa são atribuídas as mulheres e o ser provedor é atribuição masculina
Outra dimensão é a visibilidade de movimentos como o LGBT, é uma defesa que vai além de escolher quem se deve amar. Eles desafiam algumas estruturas sobre as quais a sociedade se construiu: a repressão sexual das mulheres e a patologização da homossexualidade que, enquadrada por um conjunto de costumes, regras, normas variáveis no tempo e no espaço, é um fenômeno  socialmente construído assim como o gênero,  apesar de ser considerado muitas vezes algo natural. Muitas transformações vem ocorrendo nas relações de gênero, como é o caso das mudanças nas relações familiares, crescente número de homens que dividem com suas companheira tarefas até então assumidas pelas mulheres, as mulheres que estão conquistando cargos anteriormente só masculinos. As posições ocupadas por homens e mulheres especialmente em alguns seguimentos sociais são marcadas pela assimetria. Quase sempre favorecendo os homens, avanços e desafios a serem conquistados. Essa simetria está também presente na escola. A escola faz parte desse projeto de incorporação de valores. Estudos passaram a questionar atitudes que tradicionalmente reputamos são vistas como femininas e masculinas, este é um processo histórico que pode e deve ser desconstruído.
Ainda hoje corremos  risco de cair no essencialismo que iguala todas as mulheres, como se todas tivessem uma essência que as fizesse mulher, como se isso nascesse no DNA.
Isso precisa ser denunciado e  revisto. Nesse sentido a gente pode definir o que significa falar de gênero enquanto conceito. O gênero é a organização social da diferença sexual. Também de como concebemos a sexualidade e aspectos pertinentes ao feminismo e masculino. Ele não reflete a realidade biológica primeira, mas constrói o sentido desta realidade.
O gênero é um elemento constitutivo das relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos. Construídas socialmente. O gênero se refere a um processo de construção social no qual os símbolos socialmente disponíveis sobre feminilidade e masculinidade, as normas e regras que pautam a ciência, a jurisprudência, as concepções políticas, que vão pautando estas instituições, especialmente a escola. O gênero serve para pensar na dimensão subjetiva, de como vamos reproduzindo ou tentamos resistir a essa socialização de gênero que é pretensamente universal e que, muitas vezes, potencializa o modelo dominante de masculinidade e a subordinação da feminilidade a esse modelo. O caráter relacional do conceito explode o binarismo e a relação de poder que constitui, mostra que ao se pensar sobre as interações entre os sexos se pensa necessariamente nas relações de dominação do homem sobre a mulher, marcadas pelas diferenças hierarquizadas de um sexo sobre o outro. É nesse sentido que é importante pensar e estar atento para os processos que são responsáveis pela transformação das histórias em natureza e do arbitrário cultural em natural.






                                   Vídeo-Aula 24                                              
Gênero e diversidade Sexual: Desafios para a prática docente
Cláudia Vianna – FEUSP

A escola ainda está despreparada para trabalhar com as questões de gênero. Ainda há muito preconceito, ligado a representação e ao papel social masculino ou feminino.
 Há necessidade de formação, de abertura pessoal, de revisão de valores para que se possa acolher a diversidade sexual.
As pessoas precisam entender que suas escolhas e convicções pessoais não podem ser motivo de discriminação ou martírio de outros. A convivência democrática propõe que haja espaço para todos.
Este tema quer refletir como as relações de gênero afetam as práticas e interações estabelecidas no espaço escolar.
Tanto as relações de gênero quanto a diversidade sexual que dela faz parte se constituem campo dos Direitos Humanos. Neste âmbito o Estado e as políticas locais e nacionais interpretam e regulam várias leis que regulam o gênero. Este é o caso das concepções de família,  da reprodução da Educação , do estilo de vida. A regulação da reprodução, o estabelecimento de uma idade consentida para se ter relações sexuais, uma idade para o casamento, bem como a criminalização destas práticas quando elas não se adequam a essas regras, até muito pouco tempo nossas leis acobertavam o costume de se lavar a honra com o sangue da mulher assassinada. Hoje nós assistimos uma mudança de costumes e a criação de novas leis como a Lei Maria da Penha. Portanto, existe uma relação entre nacionalidade, gênero e sexualidade apesar de tendermos a pensar que o Estado é neutro, ele não é, ele regula as identidades sociais e ele tem na mídia e na escola instituições que são muito importantes pro reconhecimento de algumas diferenças ou para a exclusão social e, portanto, a perpetuação da desigualdade. Duas importantes dimensões do conceito de gênero merecem nota:
O gênero estabelece uma imbricação com a sexualidade procurando sair das concepções que afirmam o caráter excludente e polar entre estes dois conceitos, ou seja,  gênero e sexualidade são socialmente construídos;
A segunda dimensão amplia a análise dos processos de democratização da educação com a demanda dos movimentos sociais. Nós assistimos a organização de movimentos sociais e reivindicações coletivas em torno da temática de gênero, em particular da diversidade sexual que tem como decorrência o grande aumento das políticas públicas voltadas para o tema. Há também o incremento de programas, planos, introdução dos temas na escola pública, debates no Senado e a produção de conhecimento sobre o tema. É necessário atentar que quando analisamos a introdução do gênero e da diversidade sexual nos programas e planos da educação a partir dos anos 90, principalmente, pudemos reconhecer várias  demandas dos novos movimentos sociais. A Constituição e o debate que ela trouxe de fundo sobre direitos, tem méritos por isso.
São sucessivas respostas do governo aos mecanismos internacionais acerca do tema. São vários embates, muitas articulações e muitas alianças com forte influência dos organismos internacionais e dos movimentos sociais do país.  É o caso dos Referenciais Curriculares Nacionais e dos Parâmetros Curriculares Nacionais e outras diretrizes que  a partir do governo Fernando Henrique são instrumentos de referência para a construção do currículo,  a partir de uma perspectiva de gênero e de sexualidade.
Os PCNs são elogiados pelo ineditismo, pela oficialização do tema sexualidade no currículo escolar e pela importância como documentos políticos normativos que orientam a elaboração e efetivação de currículos para a educação brasileira, mas também são alvos de críticas como o caráter centralizador e prescritivos. A precária aplicação das diretrizes curriculares ali escritas, a falta de formação do docente para dar conta da temática, dificuldade de abordar o tema no âmbito escolar, também no tratamento dos temas transversais de orientação sexual, que é onde mais aparece gênero e sexualidade e a subordinação ao trinômio corpo saúde e doença, praticamente não se dá destaque a diversidade sexual.
O contexto torna-se complexo com a ênfase na inclusão a partir do governo Lula.  Assistimos várias mudanças no modelo de instituição, a tentativa de articular as ações de inclusão social com a articulação da diferença. Nascem vários programas, entre outros desafios, encontra-se a fragmentação e a desarticulação entre os vários programas criados. Soma-se a esses desafios a enorme dificuldade que temos em romper com os padrões tradicionais de gênero. A discriminação contra os homossexuais ainda é enorme em nosso país. Existe grande desconhecimento da construção da nossa sexualidade por um lado e, por outro, existe a homofobia  enquanto uma forma de inferiorização da hierarquização da sexualidade em detrimento da homossexualidade, realidade muito presente em nosso país e nossas escolas, que transforma a diferença de gênero em desigualdade e exclusão. As identidades que se constroem nesses casos são ocultas, tidas como clandestinas, forma dolorosa e solitária de se construir, por exemplo, como homossexual sem apoio da família, da escola, sem referência  a materiais ou modelos positivos no espaço escolar ou da sociedade como um todo.
 Existe uma grande discriminação contra os homossexuais, mais assumida que os outros tipos de discriminação, muito valorizada entre os jovens, o que sugere um padrão de masculinidade marcado por estereótipos pelo medo do estranho próximo ou pelo medo do outro. Ideia cruel de que eu não possa ser confundido com este outro.
É urgente tirar a venda dos nossos olhos socializados  ainda hoje por valores que só justificam o preconceito de gênero. É preciso elaborar proposições políticas que possam produzir outras respostas para essas velhas questões enquanto campos diferenciais de direito e de pertencimento. Tarefa difícil, requer luta em todas as esferas dentro e fora da escola.
Mas, para pensar na escola e na prática docente,  a gente precisa pensar na conscientização e formação docente. Existe pouca formação inicial docente nesta área. O incentivo e o apoio a propostas e atividades já existentes voltadas para o tema e realizadas no espaço escolar ainda é escasso. A análise crítica de livros didáticos e materiais escolares que também veiculam preconceitos de gênero é urgente, a denúncia de conhecimentos ditos científicos que também perpetuam preconceitos. Mais do que isso, precisamos tirar as hierarquias das diferenças individuais e coletivas que nos constituem para que elas não se transformem em desigualdades. Assim, quem sabe possamos contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, menos desigual, com seres humanos de fato livres e com projetos coletivos.

 Vídeo-Aula 27
A construção da identidade e a produção da diferença: A questão religiosa
Profª. Roseli Fishmann – USP


            Religião não se discute! Esta é uma máxima que já se tornou antiga. Já faz parte da sabedoria popular e é uma verdade incontestável. Religião vive-se ou não e pronto. Um dos princípios da Democracia e da República.
            O respeito à religiosidade de cada um é um princípio ético que deve estar presente em qualquer sociedade. Faz parte da pluralidade cultural. A intolerância religiosa configurada pela imposição de uma crença, ou a discriminação de praticantes de modalidades minoritárias é crime, devendo ser punido nos moldes das leis.
            Vivemos num Estado laico e como tal não vale o princípio das maiorias, toda e qualquer manifestação religiosa ou a não manifestação deve ser respeitada, assim seremos capazes de avançar um pouco mais na busca de uma vivência ética dos valores relacionados aos DH e da cidadania.
A professora Roseli Fishmann nos ajuda a entender melhor estas questões:
Temos que pensar a questão da identidade como uma construção plural que compõe a singularidade de cada ser humano. Singularidade e pluralidade existem em cada ser humano e no plural da sociedade. Cada ser humano é diferente de outro, ele faz sua história e seu lugar, isto a partir de uma pluralidade de aspectos como origem familiar, bairro onde vive, a escola que estudou, time pra qual torce, etc. São coisas que compõem a diversidade e que estão fora da pessoa, mas cujos valores  se constroem dentro e depois voltam para a sociedade, construindo a pluralidade humana. Isto representa a base da Democracia, sem a qual não dá para construir algo mais complexo a partir de si mesmo, a partir do respeito, tolerância e solidariedade.
Múltiplos fatores compõem  a identidade, um deles é a memória. Nós não somos só o presente. Nossa memória se organiza para apoiar a construção do nosso futuro – não só recordação, mas a elaboração da memória. Neste caso dependemos das pessoas, que viram o outro aspecto e isso vai compondo nossa identidade de hoje, da mesma forma que o meu plano para o futuro compõe também a realidade de hoje. A junção de presente,  passado e futuro dentro de nós não é linear é que compõe a nossa identidade.
A religião tem um lugar na construção da identidade, parte é herança, parte é eleição. Nos povos antigos a religião compunha a própria cultura. Hoje foi mudando, e não é porque a pessoa não crê que perde a sua dignidade de ser humano, pois os valores que estas professam tem o mesmo valor no plano humano. Mesmo a fé tem variações, alguns acreditam em deus único, ou muitos deuses ou até dispensam os deuses. Isso vem por herança, muitas vezes a família oferece um modo de crer ou não crer. Ao longo da vida existe uma eleição onde cada um diz o que quer e no que acredita. Isso é importante porque vai construindo a nossa identidade, nosso valor. Todos os modos de crer ou não crer tem o mesmo valor por estar ligado ao indivíduo e sua questão pessoal. A religião, como outros temas, está ligada a alteridade, ou seja, a relação entre eu e o outro, ligada a ética.
Não dá pra pensar religião sem discutir que existem diferentes religiões, este é o fato e existem diferentes formas de lidar com isso. As diferenças das religiões não representam desigualdades. Quanto a religião e o Estado laico é grave pensar as diferenças entre as religiões como se existissem inferiores e superiores.  Não se pode permitir que algumas pessoas tenham mais direito que outras. É proibido criar distinções entre brasileiros, a  República não permite esse tipo de discriminação.
O tema das religiões é histórico, antropológico, sociológico, político, filosófico, é pois um âmbito muito largo, parte da consciência das pessoas para a sociedade, ganha dimensões teológicas no estudo e compreensão de Deus e volta para dentro de cada um ou não. Volta de muitas formas, o crer e o não crer é de foro íntimo e da consciência,  portanto inviolável, ninguém pode interferir ou criticar. Tentar mudar isso é desrespeito e intolerância, é crime e isto não pode acontecer.
 A diversidade religiosa garante a diferença, mas nada tem a ver com desigualdade,  a complexidade do fenômeno religioso precisa respeitar o direito dos demais, não se pode impor, constranger, não há argumento de maioria no tema religioso. O espaço do culto se configura um espaço privado, no espaço público nada pode ser imposto, a separação dos Estados e religiões é o fundamento da República e da Democracia. Precisa, portanto, ser respeitada na sociedade. A discriminação é crime e fere a ética e a Constituição.



Vídeo-Aula 28
Encaminhamentos Pedagógicos na Escola Pública Sobre a Questão Religiosa
Profª. Roseli Fishmann – USP


            A Religião, no meu ponto de vista, é um valor importante. Acredito inclusive que conceitos religiosos ajudam a pessoa a viver sua cidadania e desenvolver um comportamento ético e de respeito para com o outro. Isto, porém não autoriza nenhum ser humano a impor sua religião e seus valores a ninguém. Por conta disto faz-se necessárias algumas regras no Ensino Religioso, principalmente em Escola Pública.
            Em respeito à diversidade de crenças presentes entre os alunos, a escola precisa manter a laicidade de seu ambiente, o que não impede que forme a partir da ideia de Deus, denominado de diversas formas, mas que representa o princípio do amor, respeito mútuo, o incentivo às boas obras etc.
            A  professora Roseli traz uma importante contribuição a respeito deste aspecto, discutindo o assunto a partir da LDB e da Constituição:
            A Constituição/88 traz a liberdade religiosa, determina a separação entre estado e religiões.
    
            A Educação Religiosa deve ser de matrícula facultativa, complexa. Refere-se a liberdade de cada um, e está relacionada aos direitos fundamentais.
         
            Alguns problemas apareceram ao ser regulamentada pela LDB. Quanto a terminologia, o Ensino Religioso é um fenômeno mais amplo, estando presente nas comunidades religiosas e escolas confessionais. Ensino religioso em escolas públicas- EREP tem características particulares e não se pode misturar devido ao direito a educação e ao direito a liberdade de religião e crença garantido pela Constituição.


 O texto original da  LDB trazia  o ensino religioso respeitando o ponto de vista da Constituição, sem ônus para os cofres públicos, de acordo com preferências manifestadas pelos alunos ou responsáveis. A redação atual retira a questão d sem ônus, mas coloca que não deve haver proselitismo, isto é difícil. Também coloca que é parte integrante da Educação Básica, de modo que dá a impressão de ser um pre-requisito, o que não é verdade e fere a liberdade religiosa. Esta proposta está em discussão no Supremo Tribunal, por ferir a liberdade religiosa


Cada professor ou diretor precisa saber lidar com a pluralidade para que possa ajudar a construí-la na escola de forma pacífica e respeitosa. Colocar o seu símbolo religioso na sala de aula fere o coletivo, devido a relação assimétrica, de autoridade. Isso não tem a ver com o espaço público. Cada criança precisa ser aceita e acolhida, sem discriminação.


Particularmente as religiões de matriz africana são muito discriminadas na escola. É direito  da criança chegar, narrar o que ela vive e não ser acusada. A sala de aula da escola pública  precisa respeitar, deixar que a criança explique quando isto surgir em situações de ritos de passagem,  falecimento na família, a criança pode compartilhar com os demais uma parte de sua vida ou dizer o que espera ou sonharia como seu projeto.


A sala de aula pode trabalhar os aspectos ligados ao que a criança vive. Ajuda-la a elaborar a herança que ela tem e  a escolha que ela poderá vir a  fazer, mas sem direcionar. O professor, diretor, coordenador não podem direcionar. A criança pode compreender que ela tem direito a consciência e a liberdade. A escola pode ajudar e este é importante, inclusive do ponto de vista da formação democrática.


 O tema das religiões vai aparecer como parte de conteúdos que estão sendo ministrados e que precisam ser tratados de uma forma respeitosa e compreender que os grupos religiosos, diversas vezes, atuaram como forma de dominação. Esse tipo de coisa precisa ser dita e mostrada como equívoco, lembrada para que não se repita. É necessário que seja visto como intolerância, algo que a escola não pode permitir. A mesma ideia também em relação à escolha individual de crer ou não crer, a escola também tem que ajudar.


Vídeo-Aula Extra


Convivência Democrática na Escola


 Este vídeo relata uma experiência no bairro Bom Retiro, onde 30 % dos alunos são de outros países, ainda existem números significativos de imigrantes de outras regiões do país. As professoras falam do problema de aceitação de uns pelos outros, da importância de se trabalhar com a diversidade.


Os bolivianos parecem ser os menos aceitos daquele meio. Nesta escola a diversidade são trabalhadas cotidianamente.
             Numa outra escola estão desenvolvendo um projeto com o apoio da USP onde é trabalhada a questão do preconceito com o negro. Para tanto foram desenvolvidas atividades quanto ao conhecimento  geográfico,  capoeira, visitas, etc.


São trabalhos importantes que conscientizam da importância de se conviver com o diferente, com a diversidade  respeitando as particularidades. Com isso os alunos certamente aprendem o sentido real e o princípio da Democracia.