Curso de Especialização em Ética, Valores e Cidadania na Escola

Educação Comunitária e para a Cidadania - Módulo II


Vídeo-aula 01
A escola e as relações com a comunidade



A escola necessita romper muros e se integrar com a comunidade, abrir-se às famílias, ao mundo externo.
Ideia central: ampliar os espaços educativos, incorporando recursos da cidade e do entorno. Tornando-os espaços de aprendizagem. Esta concepção tira o foco da relação escola/família, envolve os espaços públicos e privados da comunidade, de onde as pessoas vivem.
Até hoje a escola desconsiderou os espaços.
 Existem atualmente projetos que abrem a escola à comunidade nos finais de semana para desenvolver ações de cultura, esporte, mas isso não é suficiente. O que diferencia esta proposta da maioria dos projetos é que eles ignoram o currículo. É como se os conteúdos não tivessem relação com a escola aberta. Trata-se de uma relação esquizofrênica as ideias não se conversam.
São 3 os movimentos que se podem perceber nesta proposta:
1. Para dentro da escola: É muito importante que o que acontece fora seja introduzido na escola, trazer  isto para dentro do currículo. Observar no entorno o que pode se tornar objeto de estudo. O conhecimento não está apenas no livro.
2. Para fora da escola: É como se fosse um estudo do meio com temáticas de cidadania. Corre-se o risco de haver muita resistência por parte dos professores. São medos reais a serem enfrentados.  Uma possibilidade é contar com a participação dos pais que podem acompanhar as saídas, sair com dois professores pelo menos.
Todas as ações consideram a escola e currículo como cento das ações. Entender que o entorno tem uma serie de conteúdos que podem ser levados para o cotidiano escolar. São três movimentos diferentes mas complementares.
Não ser ação só de diversão trazer para dentro do currículo transversalidade e pedagogia de projetos.a pergunta que o aluno faz no mundo real vem para o currículo , para o projeto questões que ocorrem no final de semana vem para dentro
3. Protagonismo: A escola precisa considerar projetos e ações que garantam participar da vida social de modo crítico, humano e autônomo, acesso aos bens culturais contextualizados ao dia a dia, não se abrindo só para tornar se mais interessante.



Vídeo-Aula 2
Fórum escolar de ética e cidadania
Prof. Ulisses Araújo


Constituição de um fórum de cidadania na escola baseado em subsídios sobre ética e cidadania, enviado a todas as escolas pelo MEC.  Este fórum deseja ser um espaço de promoção da articulação dos diversos segmentos da sociedade em torno questões de democracia e cidadania como:
- Ética;
- Convivência democrática;
- Direitos humanos e inclusão social;

Possíveis atribuições do fórum:
- Pode definir a politica de organização desta escola, qual e o papel da escola?
- Criação dos temas a serem desenvolvidos nos projetos;
- Estabelecer politicas de ação, estabelecendo metas, ações
-Avaliação do próprio fórum - espaço de democracia botando as pessoas para dialogarem. Compete ao próprio aluno organizar o fórum. Todos devem saber o que está acontecendo, os próximos passos.

Formas de atuação:
- Junto à direção da escola e à comunnidade – garantir espaços de desenvolvimento de projetos;
- Garantir a aquisição de materiais;
- Interagir com especialistas;
- Articular parcerias com outros orgãos e instituições.

Ideal fórum a cada bimestre ou 6 meses





Vídeo-Aula 5
Protagonismo juvenil e participação escolar
Prof. Ulisses Araújo





Sabe-se da necessidade de se reinventar a escola,  trabalhar de forma diferente os papéis de aluno e professor.  Este precisa deixar de ser transmissor do conhecimento e o  aluno deve tornar-se  participante do processo de construção de valores, ética e cidadania, participar das discussões e decisões da escola.
A educação deve promover o acesso aos bens culturais exigidos pela sociedade contemporânea e garantir uma formação politica que permita aos jovens participar da vida social de forma mais critica, dinâmica e autônoma.
Dessa forma o objetivo da escola é formar o jovem cidadão, para isso ele deve participar da vida social, fazer-se presente no contexto e que vive e utilizar metodologias ativas de aprendizagem, que permitam sua ação, e uma das formas mais aceitas é a aprendizagem baseada na resolução de problemas.
                A escola pode incentivar a participação do aluno nas situações significativas e contextualizadas do mundo real,  no entorno da escola. Problemas do dia a dia são trazidos para a sala da aula pelo próprio aluno, ele aprende a problematizar, construir o problema. Como parte do currículo, trazer o que influencia a vida das pessoas e buscar soluções para  as situações. Tudo isso deve se dar a partir de ações como:
- Assembleias escolares;
- Grêmios estudantis;
- Estratégias de resolução e mediação de conflitos – professor ou aluno mediador
- Organização do fórum escolar;
- Etc.




Vídeo-Aula 6:
Educação Comunitária e Questões de Gênero
Prof.ª Valeria Arantes – USP







Trazer para a escola a discussão da temática de Violência de gênero – aprofundar na resolução de conflitos baseada na ética e na igualdade entre homens e mulheres
Projeto de intervenção e  investigação na área da Psicologia Escolar que ocorreu em uma escola pública a periferia de SP sob a supervisão da Prof.ª Valéria Arantes com a participação de alunos do Mestrado e Doutorado.
Intervenção no cotidiano da escola e de suas relações com os conteúdos educativos e com a comunidade, visando a compreensão das situações de conflito de gênero;
Busca de dados qualitativos e quantitativos que permitissem “avaliar” os resultados da intervenção.
Nos primeiros contatos com a comunidade escolar, foi colocado que este tema não teria relação com a escola, isto demonstrou o quanto a escola encontra-se esta separada da comunidade –  é preciso romper os muros das escolas e pensar a violência principalmente contra a mulher.

Metodologia:
-Uma vez por semana os pesquisadores se reuniam com docentes da escola  para assessorá-los na intervenção da sala de aula no desenvolvimento da temática;
-Planejamento de ações – Parceria Universidade/escola;
-Fórum mensal de ética e cidadania com a  temática gênero;
-Pedagogia de projetos – questão de gênero de  forma transversal e interdisciplinar;
-Trihas mapas e roteiro: no bairro com crianças e adolescentes  para verificar  onde ocorriam situações de desigualdade de gênero;
-Formação de professores com diferentes temáticas;
- Investigação : coleta de dados;
- Observação direta e indireta;
- Diário de campo elaborados pelos pesquisadores;
- Entrevistas individuais orais e por escrito – com todos os envolvidos da escola;
- Questionários abertos com pais e comunidade;
- Relatório científico sobre os subprojetos – mestrandos e doutorandos.
   Participaram das intervenções cinquenta e nove  alunos.
   Cinco docentes envolvidos na pesquisa- bolsistas

   Ações:
- Levantamento de situações de conflito de gênero dentro da comunidade;
- Relatar situações por escrito;
-  Contar para o  grupo e buscar  possibilidades de resolução do conflito – aprender a resolver conflitos;
- Análise do conflito pelo corpo docente  – ler o registro do aluno;
- Categorizar o conflito. 


   Propostas de resolução dos conflitos pelas crianças  em três categorias:
- Não moral:  não envolve princípios morais não recorre a princípios éticos, diferente de imoral;
- Mágica:  solução d[que transcende a participação das pessoas envolvidas.
- Moral: envolve principio moral – de justiça e igualdade, por exemplo

             Resultados:


Coleta de dados antes e depois da intervenção – em que medida a intervenção favoreceu uma mudança no raciocínio moral das pessoas:
 67% das mulheres apresentou  resolução mágica para os conflitos antes depois da intervenção. Depois este número caiu  para 8%.Quanto aos homens, 38% antes e 29% .
Quanto à resposta moral, foram dadas  antes por 27% das mulheres e depois subiu para 89% . Nos homens de 50% sobe para 65%.
Tais resultados dão sinais de que é possível promover intervenção que favoreça uma lógica pautada em princípios de ética e justiça entre homens e mulheres e romper com um a lógica social que parecem naturalizar a violência de gênero. Incentiva a buscar um trabalho  que favoreça romper o limite entre escola e comunidade e que  reconheça homens e mulheres como iguais e diferentes.




Vídeo-Aula 9
Educação Comunitária e Direitos Humanos
Profª Ana Maria Klien – UNESCO

            A Educação comunitária surge num contexto informal não escolar. Ela passa a fazer parte da escola nos anos 80, sendo intensificada na década de 90.
            Na escola tem por objetivo: Formar o indivíduo coletivo, comprometer-se com o coletivo e a democracia no seu contexto, no local onde vive.
            Paulo Freire: o aprendizado na comunidade com ela e para ela é engajar-se na sua própria região conscientizando-se e tornando sociedades fechadas em sociedades mais abertas.
            Extrapolar conteúdos apartados da vida humana e da comunidade de onde provem. Os problemas cotidianos tornam-se objetivo e conteúdo, objetos de reflexão – aprende-se a ser cidadão. 
            Conteúdos disciplinares devem se articular com a vida cotidiana, atuando diretamente na comunidade a que pertence, formando para a cidadania
            A Educação comunitária abriga diferentes contextos educativos: família, escola, cidade, sociedade, privilegiando como novos  espaços de formação.
            Cidade educadora - além dos muros da escola tem outros espaços educativos que são de responsabilidade de todos, fazem parte da rede e precisam ser levados para dentro da escola.
            Sob este aspecto são  três as dimensões de aprendizagem possíveis na relação com a cidade:
            - Aprender na cidade: o lócus da educação  é a própria cidade. todas as instituições da cidade passam a fazer parte do contexto Ex. museu, parques, praças, ongs., etc.;
            - Aprender da sociedade: agente informal de educação de caráter ambivalente e não seletivo.  Nem tudo que se aprende é relevante. O professor precisa ser crítico e levar o aluno a questionar o que é ou não relevante;
            - Aprender a cidade: conhecer a cidade, saber do seu potencial, saber também que cada individuo tem o seu potencial, é um cidadão com papel ativo;
            Como fazer? Mapear é uma possibilidade para trabalhar este contexto, e uma forma de conhecer a comunidade. Tem por função descobrir lugares, organizações, etc., que podem servir como parceiros. Deve-se responder a estas perguntas:
            - Onde/O que: quem são as pessoas que podem ser parceiros para o projeto. Quem poderia ajudar a escola a educar estes alunos;
            - Quem: Quem está nestes estabelecimentos e que podem ser parceiro do projeto, com quem posso fazer o contato;
            - Porque:  Porque este lugar é um potencial parceiro – justificativa.
            Outro caminho complementar é a trilha: Trilhas educativas nascem do contexto pedagógico a partir de um tema: articula vida acadêmica e comunitária
            Direitos humanos –  comum a todos e decorre  do reconhecimento  da dignidade intrínseca do ser humano. Nenhuma diferença pode fazer com que os direitos não sejam cumpridos. Direitos humanos só são possíveis em estados democráticos, direitos humanos e democracia são indissociáveis.
            Na escola se traduzem em conhecimentos, valores e ações necessárias à formação do cidadão.
            Temas que compõem a trilha que vai dar origem aos projetos transversais nascem dos direitos humanos:
            - Declaração universal dos direitos humanos;
            - Direitos sociais econômicos e culturais;
            - Direitos de crianças e adolescentes – ECA;
            - Discriminação racial;
            - Discriminação contra a mulher;
            - Direitos relacionados a educação;
            - Gênero e orientação sexual na educação, etc.
            As crianças precisam conhecer os próprios direitos para que conheçam também seus deveres. – ECA. Conhecer os direitos é a primeira etapa e fazer com que sejam respeitados é a etapa seguinte.





Vídeo-Aula 10
Democracia e Educação em Direitos Humanos
Profª Ana Maria Klien – UNESCO

            Dewey associa democracia a um modo de vida, Na escola trata-se de viver democraticamente e não do domínio de conteúdo.
            Democracia é um modo de conduzir as vidas e a forma de relacionarmos com os outros e com a sociedade possivelmente vai se aproximar de relações democráticas
            Com esta educação espera-se que as pessoas criem disposição interna para se relacionar democraticamente. Todas as relações existentes no ambiente escolar devem ser democráticas sob o olhar de Dewey. Para atender essa necessidade  a escola deve preparar o indivíduo para se autodirigir.
            Não basta colocar democracia e direitos humanos como conteúdo, mas favorecer que esse ambiente concretize em todas as suas relações e práticas os princípios democráticos e dos direitos humanos. O discurso não pode ser diferente da prática, o ambiente escolar deve traduzir em todas as organizações e relações esses valores democráticos visando a autonomia dos alunos e a responsabilidade.
             Cada um tem que ser responsável – papel ativo, o aluno se responsabiliza por tudo o que ocorre na escola. Toma parte das decisões, participa da a organização das tarefas. Nesta perspectiva o discurso de educação para a cidadania se alia à pratica. Os processos dentro da escola são democráticos com a participação de todos.
            A Educação em Direitos Humanos visa a formação de sujeitos por meio do conhecimento e do respeito aos seus direitos, mais do que isso pretende que essa formação traduza-se em ações, em um modo de conduzir a vida pessoal e social.
            Neste sentido a Educação em Direitos Humanos é antes de tudo, um modo de vida que deve orientar a convivência social e escolar. Por caracterizar-se como um processo sistemático e multidimensional, seu desenvolvimento se dá mediante a articulação de cinco dimensões. (PNEDH, Brasil, 2009, p.25):
            - apreensão de conhecimentos sobre direitos humanos e sua relação com o contexto local, nacional e internacional;
            - afirmação de valores – atitudes e práticas que expressem estes direitos;
            - formação de consciência cidadã;
            - desenvolvimento de processos metodológicos que privilegiem os princípios da democracia e dos direitos humanos – protagonismo dos alunos;
            - fortalecimento de práticas individuais e sociais – a iniciativa, agir.

Campos de atuação da educação em direitos humanos
A Educação em direitos Humanos deve ser promovida em três campos:

            - Epstemológico: conhecimento e habilidades – conhecer os Direitos Humanos e os mecanismos existentes para a sua proteção, assim como desenvolver habilidades para aplica-los no dia a dia;
            - Axiológico: valores, atitudes e comportamentos que sustentem os direitos humanos;
            - Práxis: desencadear ações para a defesa e promoção dos Direitos Humanos.
            É importante que estes três campos sejam trabalhados pela escola simultaneamente. Através da transdisciplinaridade.
                     



Vídeo-Aula 13
A cidade como projeto educativo
Profª. Sonia Castellar - USP

             Por que pensar a cidade?
            Lugar de vivência. Reconhecê-la identificá-la. Existem vários elementos que permitem analisar a cidade várias escalas – bairro, por exemplo, a partir dele posso ampliar para conhecer a diversidade cultural, a relação do aluno com o local, a cidadania, a identidade do aluno, raízes históricas, pertencimento, relações de vizinhança,  etc.
            Pensar um lugar, determinada comunidade com as características da população isto é o entorno. Importante é sair da aula tradicional organizada, pra ir a outros espaços. Isto pode diminuir o conflito na escola, por falta de uma dinâmica e de compreensão do papel do currículo. A cidade é educadora porque ela tem conceitos ela compreende como aquele espaço foi produzido.
            Com isso começa-se a ampliar a dimensão da superficialidade dos conteúdos escolares, os saberes se articulam através da vivência, da experiência.
            Cada professor dá a sua disciplina, mas existem objetos de estudo que favorecem esta articulação interdisciplinar. A organização do conteúdo gera outros olhares para o mesmo. A partir disso o aluno começa a perceber que os lugares tem gênese de formação, função e surge a partir de uma lógica.
            A temática urbana pode trazer, por exemplo:
            - classificação dos bairros;
            - tipo de edificação;
            - rede de circulação;
            - tipo de estabelecimentos;
            - rede social (escolas, hospitais, postos de saúde...);
            - enfoques históricos.




Vídeo-Aula 14
A cartografia e a representação dos lugares
Prof.ª Sonia Castellar – USP

 Trabalhar o conceito de cidade educadora, dar a dimensão de pertencimento e sentido aos bairros e lugares de vivência das pessoas e alunos da comunidade escolar e associar isso a cartografia.
            Qualquer tipo de mapa é um texto, feito para ler, passa informação, trata-se de uma linguagem e por isso trabalhar com eles na escola ajudam a criança a escrever e ler o que é de sua vivência. A partir dos mapas pode-se fazer uma leitura crítica deste lugar.
            Quando se olha o mapa ele pode mostrar muitas informações. Na escola trabalha-se representação gráfica, sem escalas, sem legendas dos trajetos e da escola. Essa representação é importante ser trazida porque traz coisas da memória, traz como as pessoas idealizam o bairro, por exemplo.
            Mapa reproduz sistema de valores que são históricos e culturais. Eles são culturais e se materializam no território. É possivel estudar uma sociedade a partir do mapa e das informações que ele tem. Quando eu trabalho mapa no estudo da cidade, do bairro tras elementos da matemática – coordenadas, localização, ângulos, área. Estudando o mapa consigo representar a sociedade e ter informações sobre ela e como se concebe o mundo. Os mapas auxiliam a organização das informações e pesquisas relevantes para os projetos educativos



Vídeo-Aula 17
Transformações sociais, Currículo e Cultura
Prof. Marcos Neira - USP




                Objetivo: como estes três elementos se inter-relacionam.
                Devem-se perceber atualmente as transformações sociais – globalização. Deve-se pensá-las para a sala de aula. A globalização já vem ocorrendo a algum tempo, mas o que  interessa de tudo isso é que pela primeira vez nos deparamos com o outro cotidianamente e praticamente o tempo todo. Uma característica é o contexto democrático da atualidade – ex. inclusão escolar, a participação dos movimentos sociais, o crescimento da participação das mulheres, jovens e velhos do contexto eleitoral.
A Sala de aula é  um contexto multicultural. Qualquer sala de aula tem pessoas que concebem experiências religiosas, amorosas, alimentar e tantas outras de maneiras diferentes.
Antigamente a escola projetava o indivíduo na sociedade -  do não saber ao saber.
A Escola , se fizer o que se propõe a contento, tem condições de garantir uma experiência social, circulação na esfera pública de maneira mais eficaz -  através do seu currículo.
Currículo é toda a experiência oferecida pela escola ou a partir dela. Sempre representa uma prática social que deixa marcas, forja identidades. Pode-se falar em três grandes grupos:
-
Currículos Tradicionais: recorta parte da cultura erudita de grupos restritos e fazer chegar aos alunos. Não questiona o valor do conhecimento que simplesmente tem que ser aprendido pelo s alunos

- Currículos Critico reprodutivistas: nos anos 60 e 80 az estrutura curricular foi  questionada por aqueles que queriam uma sociedade diferente. Eles defendiam que aqueles modelo de experiência escolar  mantinha  a sociedade dividida em classes. Quem está autorizado a dizer o que vai para o currículo ou não? Quem o produziu? Porque o  conhecimento de outros grupos não é currículo? Desta forma o currículo era considerado istrumento para manutenção da desigualdade social.
- Pós críticos - anos 90:  não são somente as relações de poder baseada em questões de classes que interferem na seleção de conteúdos, a teoria enquanto pratica social esta impregnada de elementos culturais, além das classes conta etnia, local de geográfico, faixa etária, gênero, lugar de moradia , faixa etária, etc.
Grande parte da bibliografia utilizada nos cursos de graduação e pós  foi produzida por homens, do hemisfério norte, posicionados num determinado espaço da teia social. As teorias pós criticas ajudam não só na questão de classe mas todas as outras já citadas.
Na tentativa de  relacionar as questões de transformações curriculares com as questões de sociedade multicultural é necessário entender que se utiliza o termo cultura de diferentes formas. 
Cultura é um termo surgido na Grécia e que sofre transformações e vai sendo apropriado pelas diversas civilizações. Hoje o que temos é um emaranhado de todos os conceitos. Todas estas transformações deixaram marcas. No século XX, graças a alguns antropólogos, o conceito ganhou força e chegou ao que pensamos hoje
Na antropologia algumas concepções foram importantes como a evolucionista (Tylor), relativista (Boas), Funcionalista (Malinowski), sistêmica (Durkheim) e interpretativa (Geertz). A ideia de todos estes antropólogos esta muito presa aos aspectos antropológicos.
 O campo teórico dos  Estudo Culturais  trazem uma visão que coloca a cultura como o um campo de luta pra validação de significados onde cada um traz sua bagagem cultural e um vai impondo sua visão em relação ao outro. No cotidiano as lutas simbólicas se dão de 4 formas:
- Incorporação: a pessoa tende a incorporar o modo de ver o mundo que eu acha mais interessante, porém isto pode ter sido imposto pela mídia.
- Distorção: quando a ideia que aparece não é interessante para o grupo que tem poder, este grupo pode distorcer os elementos daquela coisa;
Resistência: não é verdade que nos grupos minoritários há só submissão, porque estes grupos resistem, a cultura erudita pode ser negada pela popular.

Negociação: Nas praticas culturais há elementos que podem ser ressignificados e negociados pelos grupos, o patrimônio apropriado pelo outro acaba sendo, mas de uma forma negociada não com as concepções trazidas pelo outro, mas com a negociação das concepções.






Video-aula 18
Valorização da cultura corporal da comunidade na cultura escolar
Professor Ricardo Vinha

Cultura corporal é toda produção simbólica que envolve as práticas corporais. É um conceito amplo, envolve danças, brincadeiras, jogos,  ginasticas e esportes. Todos os grupos corporais atribuem significados específicos às práticas corporais.
Na perspectiva cultural corporal as  manifestações corporais  agregam os elementos da gestualidade sisitematizada. Um gesto tem um sentido especifico numa brincadeira, esporte ou dança. O gesto é o movimento com significado. Dentro de uma dança, brincadeira, esporte  ou ginástica tem o objetivo de comunicar, “está dentro de um texto da cultura corporal”, portanto na cultura movimento é diferente de gesto diferente do movimento funcional como por exemplo carregar uma cadeira – gera trabalho.
                Desta forma discorda-se do que se diz principalmente na educação infantil que é a área do corpo em movimento.  A área da cultura corporal não mexe com o corpo em movimento, mas na gestualidade com os textos corporais produzidos pelos diversos grupos corporais. Está sempre relacionado ao sentido que aquela prática corporal tem naquela comunidade e que lhe permirte veicular a sua visão de mundo. Por isso que quando se imagina por ex. um grupo andando de skate já se imagina um tipo especifico de pessoa, tipo, físico, vestuário, etc. o grupo traz para as práticas aquilo que lhe tem significado, a forma como o grupo lê o mundo.
Todas as escolas tem ao seu redor uma grande comunidade onde sempre são cultivados diversos textos da cultura corporal. Trazer estas questões pra dentro do currículo não é simplesmente colocar alguns elementos no currículo porque as pessoas do entorno fazem.
                Existem 4 principios curriculares que norteiam esse processo:
- Enraizar as identidades:  como determinadas práticas corporais tem sentido naquela comunidade. De que maneira determinadas identidades estão enraizadas naquela comunidade.
- Justiça curricular: A sociedade é ampla e constituída por diversos grupos. Historicamente a escola privilegiou as práticas corporais brancas, da elite, cristã, resistindo ainda hoje a certas danças, capoeira, certos trajes, a cultura de diversos grupos;
A escola precisa garantir a multiculturalidade buscando equilíbrio entre as diferentes práticas culturais como brincadeiras do presente e passado, das diversas etnias, práticas esportivas  nacionais e internacionais lutas da zona central e do interior de modo que o equilíbrio seja alcançado
- Daltonismo cultural  deve ser evitado. A escola precisa reconhecer o arco-íris de culturas. O universo das práticas corporais culturais são muito diversificados e ficamos cegos para determinados desempenhos. Ao proporcionar a experiência igual para todos ou só para quem sabe estaríamos  educando melhor. O Currículo deve diversificar as experiências para que as diferenças apareçam.
 Na tradição das práticas corporais da escola usamos jogos e brincadeiras que não encontram lastro fora da escola. Deve-se ancorar as atividades socialmente, selecionar práticas tendo em vista a existência desta prática cultural fora da escola, considerar como ela aparece em outras esferas da sociedade e como são significadas pelo jovem.
Algumas correntes da área defendem o uso destas práticas para desenvolvimento psicomotor, aqui afasta-se desta visão. A concepção é de que a cultura corporal e um patrimônio que precisa ser conhecido estudado.
Sugere-se:
- Mapeamento da cultura corporal: identificar as experiências culturais corporais que as pessoas da escola acessam e, a partir deste mapeamento, seleciona-se as práticas corporais do currículo;
- Ressignificação das práticas corporais: trazer elementos culturais de determinado grupo para dentro da escola, alguns conhecem o elemento, outros não e assim estabelecem trocas, outros agregam outras práticas parecidas. 
Aprofundamento dos conhecimentos: Práticas de pesquisa, estudo, proporcionando trocas e discussão.
- Ampliação dos conhecimentos: a partir de todos os passos anteriores o aluno é capaz de conhecer muitos outros aspectos acerca do tema que não eram conhecidos antes do início do trabalho.                                 




Video-aula 21
Lazer, cultura e elementos comunitários
Professor Ricardo Vinha

Relação do  lazer com a comunidade e a importância do mesmo na esfera social

O entendimento do que é lazer depende da cultura e do grau de subjetividade. Tem relação com as preferências da pessoa.
                Para falar do lazer é importante conhecer o conceito de lazer. Existem diversos possíveis, mas este é bem amplo e abrangente.Henderson entende que esta multiplicidade é importante para relacioná-lo com a esfera social:
São três as abordagens do lazer:
- Tempo: quando este é liberado das obrigações, coincide com o lazer;
- Atividade: atividade profissional não é lazer, deste modo o tipo de atividade é que qualifica o lazer;
- Estado da mente. O lazer é um conjunto de ocupações que o individuo se envolve de livre vontade, voluntariamente, ou pela sua capacidade criadora, após se livrar ou desembaraçar-se do trabalho, estudo e obrigações religiosas – é tempo livre.
                São três as dimensões vinculadas ao lazer - 3 Ds.:
- Descanso;
- Divertimento;
-Desenvolvimento.
 Para entender o lazer no âmbito social e em termos profissionais, as dimensões do divertimento e do desenvolvimento são importantes, quando há o intuito de associar valores ao lazer.

Conteúdos culturais do lazer
Características associadas ao divertimento das pessoas:
            - Interesses artísticos: TV, museu, teatro, etc.;
            -Interesses intelectuais: participação em cursos não obrigatórios, leitura descompromissada e jogos como xadrez;
            - Interesses manuais: artesanato, cuidados com a natureza, jardinagem;
- Interesses sociais: são aquele que buscam contatos face a face, bailes, festas;
- Interesses físicos: desportivos: ginastica, etc.;
           - Interesses turísticos do lazer: quebra da rotina de tempo e espaço;
Todos os interesses podem ser associados ao divertimento e desenvolvimento. É importante salientar cada uma destas formas de interesses não são estanques ou separadas.

Equipamentos de lazer
- Não específicos: lar, ruas e escolas não construídos para esta realidade, mas que são adaptados. A escola pode ser um grande deflagrador do lazer;
- Específicos: construídos para a finalidade do lazer. Seguem uma sistematização por conta disso. Podem ser classificados como:
Micro equipamento especializado: atende a um tipo de lazer apenas como bibliotecas, academias de ginástica, ateliê de artes, etc.;
* Médio equipamento de polivalência dirigida: clubes onde se podem encontrar três ou quatro conteúdos de lazer, mas que não tem os conteúdos em amplitude, cobertura parcial;
* Macro equipamentos polivalentes: atendem em plenitude os conteúdos culturais de lazer.
Quando analisamos as cidade  verificamos que os equipamentos de lazer não estão distribuídos de forma equilibrada, daí a importância de se criar formas alternativas de oferecimento do lazer nas regiões em que ele é escasso, utilizando principalmente os equipamentos não específicos.
Na criação dos equipamentos específicos é fundamental que se consulte a comunidade.


Educação Comunitária e Práticas de Cidadania

Video-aula 22

Lazer, juventude e esportes

Professor Ricardo Vinha






Importância do esporte na juventude.


Juventude hoje é apegada aos elementos da mídia de massa no mundo todo.


O Esporte associado a comunidade é uma atividade importante ocupando o tempo livre- lazer da comunidade juvenil. É comum colocar o lazer do jovem como transgressor, como perigoso, mas o esporte favorece conhecer e dialogar coma juventude . O esporte neste contexto é importante juntamente ao papel dos grupos/tribos.


Esportes radicais: entendê-los ajuda a entender a juventude, identidade grupal e comunidade. Entendendo a relação do jovem no grupo, entendem-se elementos como, linguagem, vestimenta e por consequência comportamento do jovem na escola. O pedaço, termo utilizado para designar o espaço entre a casa e a rua,é espaço de encontro com pares, onde compartilham esses componentes trata-se de espaço físico e simbólico, compondo ampla rede de sociabilidade.


Esse pedaço da cultura juvenil é alvo da indústria cultural, proporcionando consumo. Esporte radical atrai jovem pelo grau de imprevisibilidade e risco controlado pela tecnologia que minimiza o risco, a descoberta, e a curiosidade. As mídias de massa fazem uso desta imagem para produzir consumo, existe uma indústria cultural e um marketing especifico para isto.


Atividades de lazer/aventura tendem a persistir na fase adulta. A fronteira entre a juventude e a vida adulta, não tem limites tão claros, mas adultos que gostam de aventura são considerados com espírito jovem. A família às vezes se reúne para este tipo de lazer. Algumas escolas do Brasil adotam estes elementos associados a aventura por conta de adaptações , convidam alunos em trazer seus equipamentos, levar o aluno a estas práticas fora da escola, e/ou adaptar algumas destes para dentro da escola.


Tudo isso é importante no sentido de se entender essa cultura jovem, favorecendo práticas na escola que se utilizem destas linguagens para se aproximar da cultura juvenil.





Educação Comunitária e para a cidadania
Vídeo-Aula 25
Relações com a comunidade e a potência do trabalho em rede
Prof.ª Patricia Grandino – USP

·         Vive-se hoje tempo de fragmentação e rapidez – ritmo frenético;
·         Tempo de tensões sem teer como superá-las;
·         Ritmo acelerado de acontecimentos;
·         Descobertas tecnológicas – internet;
·         Acesso a tecnologias, meios de comunicação, etc;
·         Informação rápida, intensa, autonomia;
·         Paradoxos –maior acesso aos bens produzidos e descumprimento de direitos básicos dos cidadãos;
·         Cultura de massa – dissemina valores;
·         Tensão entre o massificado e a importância de valorzar a identidade local;
·         Imediatismo – relações efêmeras;
·         Cultura de massa/ cultura local;
·         Tradição x modernidade;
·         Competição x igualdade de oportunidades;
·         Necessidade do trabalho com comunidade;
·         Comunidade: pessoas tendem a se conhecer mais proximamente;
·         Sentimento de pertença, afeto, vínculo;
·         Trabalho de rede: outros atores presentes na mesma comunidade;
·         Rede: trabalho de associação que fortaleça os atores;
·         Relações Inter geracionais – fortalecimento dos vínculos;
·         Organização de planos de trabalhos – ativas e participativas;
·         Potencializam resultados, ações e fortalecimentos dos vínculos.



Educação Comunitária e para a cidadania
Vídeo-Aula 26
Uh-Batuk-Erê: Uma ação de comunidade
Prof. Edson Azevedo – Rede Municipal de Ensino


·         Experiência com uma escola da zona Norte de SP;
·         Comunidade pobre;
·         Alunos : dificuldade em se posicionar;
·         Baixa-estima;
·         Uso da arte para sensibilizar;
·         Encontros de formação;
·         Oficinas de artes/artesanato;
·         Fóruns comunitários;
·         Teias culturais – vivenciar outros espaços da cidade, para sensibilizar quanto a melhorias possíveis na própria cidade;
·         Apresentações internas e externas;
·         Assumir papel de protagonistas;
·         Estas ações trouxe reconhecimento;
·         Grande conquista: organizar espetáculo;
·         Dialogo permanente entre ação, emoção e ação;
·         Responsabilidade muito grande da educação;