Curso de Especialização em Ética, Valores e Cidadania na Escola

Profissão Docente

Vídeo-Aula 1
Papel do professor; instruir ou educar
Profª. Silvia Colello - FEUSP

                O papel do professor sempre é pauta da sua formação, e é visto de formas diferentes por diferentes grupos. Assim, é necessário que pensemos um pouco sobre esse assunto para conseguirmos  desempenhar bem a nossa  função.
Mas, qual é o papel do professor?
A resposta imediata é ensinar. Será que esta resposta consegue ser ampla o suficiente para dar conta da complexa função docente?  Vejamos...
Sobre os alunos pairam cobranças maiores que a mera aprendizagem: criatividade, profissionalização, autonomia, ética, etc. Pairam também ameaças como DST's, intolerância, violência, drogas, ... Considerando os apelos e perigos do mundo, o papel do professor é mais complexo que apenas passar conhecimentos. Instruir: ensinar e aprender
·         Educar: processo de formação humana, mais complexo. Tão importante quanto fatos e conceitos são as normas, procedimentos, atitudes e valores.
Como conciliar os dois lados, de forma menos dicotômica?
Será que a educação deve submeter - se ao ensino ou o contrário?
               Quando a educação se submete ao ensino, o professor ensina vários saberes pretendendo que a somatória destes resulte num homem supostamente educado – Ensino conteudista.
Quando o ensino se submete a educação, no primeiro plano está o projeto educativo a partir do qual todos os saberes se justificam. As disciplinas são importantes em função de um projeto educativo maior. Para isso, é necessário valorizar o processo educativo naquilo que ele pode trazer em relação ao compromisso social, como por exemplo, o cuidado com a natureza, etc.
A escola precisa ser espaço de formação e informação. Educar para a responsabilidade, para o mundo para a cultura.
Em síntese: o papel do professor é educar a partir da dimensão pedagógica – instruir/ensinar e educar – é fazer acontecer o projeto de formação humana. Tudo a serviço do desenvolvimento, da aprendizagem e da personalização que é a formação da identidade, a socialização, a humanização – perceber-se como herdeiro da construção cultural da humanidade e libertação no sentido Freiriano, enfrentar a realidade de modo criativo, encontrando outras alternativas.
Como garantir o equilíbrio entre essas funções?
A Escola deve estar em sintonia com a sociedade, lidando com a dimensão mais ampla, da macrosfera, do projeto político pedagógico nas microsferas – o cotidiano, como por exemplo: a bronca bem dada, a pergunta bem formulada, a intervenção em situação de conflito, atendimento aos pais, etc. Se quero autonomia eu tenho que propor diariamente, se quero espírito crítico, idem.
 Isto é um desafio, mas a dificuldade não pode anular a ação pedagógica comprometida com o aluno e com os apelos do mundo.



Vídeo-Aula 2
A ação educativa ao longo da trajetória escolar
Profª. Silvia Colello - FEUSP

Se Educação vai além de instrução, o que acontece na escola para além do ensino, da transmissão do conhecimento? Como a escola tem se comprometido com a formação plena do educando? Como tem se preocupado com temas não relativos à mera informação?
O que se percebe são projetos de temas diversos, aleatórios, dependendo da boa vontade e sensibilidade do professor. Qual o sentido educativo destas ações? A ação educativa deve ser estreitamente ligada a trajetória escolar?  O que a escola representa para o aluno? Como é o professor nas sucessivas etapas da escolaridade?
A Educação Infantil é marcada pela novidade, pelas descobertas. A escola é vista como um ambiente alegre, lúdico.
Nesta fase o que está em jogo é a adaptação e a ampliação da referência de mundo, de saberes, linguagens e relações. O professor tem papel de institucionalização, investimento na esfera afetiva, funcional, cognitiva, linguística e de ajustamento pessoal. Nesta fase o professor deve mostrar como funciona a escola. 
No Ensino Fundamental (1º e 2º anos) a escola representa o espaço do aprender. A criança percebe que aprender tem um preço e o professor é desafiado a fazê-la manter a alegria de aprender. O que está em jogo é o autoconceito, a motivação para aprender e os novos critérios de convivência social. O papel do professor ainda é a institucionalização. Neste momento faz-se pelo fortalecimento do vínculo com aprender, estimulação dos valores e do vínculo social.
Nos 3º e 4º anos a visão vai se tornando mais crítica, reconhecendo os múltiplos espaços da escola. Esta deixa de ser globalizada e passa a ser percebida como plural. O que está em jogo é o autoconceito acadêmico, o aprender a aprender – organização, autonomia para aprender, disponibilidade de lidar com as dificuldades. O papel do professor é a escolarização, que representa o fortalecimento da relação aluno – escola, o como tornar-se estudante, que implica o gostar da escola, das pessoas, a  prática de ensino sintonizada com o aluno, o ajustamento do funcionamento da escola e do cognitivo social  e emocional deste aluno.
Do5º ao 9º ano a escola deixa de ser o centro de referência do universo infantil e começa a competir com outros espaços. Começa a haver uma tensão entre as exigências da vida escolar e a vida social com os outros espaços. No ensino médio o mundo extra-escolar se aprofunda, o jovem reconhece a importância da escola , mas  deve lidar com a disponibilidade para a aprendizagem. Lidar com os interesses por outras coisas, outros mundos, pelas relações interpessoais que consomem o tempo e a energia do jovem. O que está e jogo é a adolescência, a forma de lidar com as crises, conflitos, projetos de vida, cobrança de desempenho, opção profissional, autonomia, redefinição de identidades e valores. O papel do professor é a escolarização, ensinar o aluno a ser estudante, sensibilização, conscientização, sobre aspectos da vida, e responsabilidade social.
 É preciso que o professor compreenda a realidade do aluno de modo que a ação educativa na vida escolar se modifica de acordo com a época em que o aluno se encontra. O papel do educador é acolher o aluno, trazê-lo pra dentro da escola, fazê-lo viver bem a vida escolar e jogá-lo de volta à sociedade de uma forma responsável e compromissada, preparando para a vida social.


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Vídeo-Aula 5
O papel do professor na mediação cultural
Profª.Rosa Iavelberg - USP

                Uma pessoa culta é alguém que tem conhecimento amplo em diversas áreas, é capaz de discorrer sobre diferentes assuntos apresentando senso crítico e argumentos convincentes. É alguém que pode ser considerado “antenado”, consciente dos deveres e direitos. Porém, para fazer parte deste grupo há necessidade de uma educação esmerada, responsável e profundamente comprometida com este objetivo. Ainda, para ser culto e desenvolver-se globalmente, o aluno deve ter acesso aos bens culturais, inclusive à Arte, e o que se verá a seguir é como isso se dá.
O professor deve aproximar o aluno dos agentes culturais, os que trabalham com a cultura e os artistas que produzem a arte. A ideia é favorecer com que a arte seja vista de forma acessível. Promover o valor da arte na vida dos indivíduos e a sociedade. Favorecer a pesquisa aos artistas brasileiros. Aprofundar no conhecimento da temática de forma teórica e prática. O aluno aprende a arte e faz na sala de aula;
A arte promove a autoestima por possibilitar a expressão daquele que a produz. É  importante considerar também que a arte traz em si as temáticas transversais como os temas sociais, deve-se ensinar esses conteúdos, sem fazer.
Fazer arte, conhecer a trajetória sociocultural de forma compartilhada. O aluno age como se fosse de uma microcomunidade, onde decodifica, reconhece e produz, refletem sobre a arte com outro papel social.
Que alunos queremos formar?  A arte tem um poder de transformação e participação social efetiva. É uma das áreas do conhecimento que mais favorecem o gosto de estar na escola.  E uma das formas de documentação da produção do aluno é em portfólios físicos e virtuais. Visão de aprendizagem diferenciada, neste sentido a arte tem poder transformador da identidade de do aluno. A arte não pode ser mecânica, mas participativa, para isso o professor. Precisa investir na sua própria formação. Conhecer as técnicas que trabalha e ter a experiência de se expressar através da arte.


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Vídeo-Aula 6
O professor e a diversidade cultural na sala de aula.
Profª.Rosa Iavelberg - USP
O respeito e a tolerância são valores que precisam ser ensinados em diferentes níveis de ensino. Cabe à escola organizar seu conteúdo de forma que consiga contribuir para que a pessoa
 A diversidade cultural é uma manifestação que pode ser observada nas diversas culturas que devem ser levadas de forma ordenada para a escola.
Ensinar sobre a diversidade das culturas pode promover o respeito entre esses povos. As culturas são diversas, mas devem ser entendidas como algo em transformação permanente, não são estáticas, tem história. Esses meios que expressam e comunicam o que vivem nas culturas refletem o contexto histórico nos quais foram produzidos. Uma maneira de assimilar é fazer arte inspirando-se, sofrendo influência, expandindo seu universo de referência artística, assimilando o que interessa a sua poética pessoal. Existem muitos objetos que poderiam ser estudados no Brasil ou em outros países em diversos tempos históricos.
O estudo de autores que estudam a diversidade cultural apontam para a arte. O ensino de diferentes conteúdos não pertencentes na cultura dominante devem ser abordados na escola. Devemos enfatizar as relações humanas como de cooperação e respeito mútuo, valorizando a diversidade, não levando em conta se são populares ou eruditos. Os recortes levados para sala de aula devem ter qualidade estética e artística. Esse tipo de estudo favorece a relação do indivíduo com o grupo e com diferentes culturas. É bom que se considere as influências culturais e o pluralismo cultural de cada povo sabendo que eles estão contextualizados, tem um marco histórico politico geográfico e ambienta. Esses conteúdos devem advir da história da arte para se ensinar sobre a diversidade cultural, sendo este um conteúdo que deve-se ensinar  na sala de aula.
Estuda esses sistemas simbólicos não só através dos objetos, mas através de lendas, mitos, festas, arquitetura, usos e costumes, valorizar a integração da cultura local com a universal, expandindo a relação que se tem com a historia da arte..
Precisam-se recuperar as culturas locais para que o aluno possa perceber que aquilo com que ele se identifica pode ser conteúdo de sala de aula. Diz respeito a sua história de vida e de identidade cultural, a memória pessoal é pesquisada todo o universo de experiência artística sendo conteúdo de sala de aula
O principio básico é o respeito e a tolerância a diferentes culturas. A paz social é necessária ao desenvolvimento humano e exige que as diferenças entre culturas sejam vistas não como algo estranho, inaceitável ou mesmo detestável, mas como o resultado de diferentes maneiras de coexistência humana que contem lições e informações valiosas para todos.

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Vídeo-Aula 9
Modelos de ensino: das concepções docentes às práticas pedagógicas
Profª. Silvia Colello – FEUSP

Atualmente contamos com diversas teorias ou concepções que norteiam as práticas de ensino. São teorias que concebem o ser humano e a forma com que apreendem o mundo de diferentes formas. É importante conhecer tais teorias para que se possa escolher a melhor forma de ensinar de acordo com a visão de homem em que se acredita.
 A maior preocupação do professor e a prática pedagógica. Isso é compreensível, porém o perigo é o professor deixar de pensar sua prática pedagógica num âmbito maior.                                                                 Como num iceberg, há um perigo em professores que só pensam na prática tomados do ativismo, sem terem critérios para tomarem decisões. A prática que se esgota nela mesma é uma grande cilada, pois o professor pode incorrer em vários erros como por exemplo:
·         Os fins justificam os meios;
·         A insegurança do professor;
·         O desequilíbrio do projeto educativo;
·         A falta de diretrizes e critérios para a organizar a prática pedagógica.
·         Dificuldades para planejar e avaliar.
·         Trajetória incerta dos alunos e resultados inexplicáveis de situações em que você ensinou e o aluno não aprendeu, ou quando o rendimento do aluno muda de acordo com o professor.
A prática pedagógica é sempre comprometida por alguns valores. Pressupondo uma compreensão de mundo de ser humano é tributária de posturas que ultrapassam os limites da pedagogia.
 Existe, duas formas de compreender o mundo:
 - o fixismo que acha que o mundo gira e acha que tudo é sempre igual, as coisas não mudam. Como concepção de homem nesta corrente tem o essencialismo no qual se acredita que o ser humano tem uma essência imutável, uma base. Como modos correlatos de pensar a educação temos neste caso o inatismo que acha que o ser humano ao nascer já está pronto e o empirismo que acha que o ser humano não tem nada ao nascer em qualquer uma delas a essência é imutável.
- no transformismo os adeptos acreditam que o mundo está sempre mudando. São teorias que acreditam na eterna transformação das coisas, correspondente a esta visão de mundo, a concepção de homem é o relacionismo, no qual o ser humano se constitui nas relações com outros seres humanos, com os objetos de conhecimento, com a cultura através de múltiplas experiências. Da origem ao construtivismo e ao sócio-construtivismo.









Vídeo-Aula 10
A relação entre professor e aluno
Prof. Gabriel Perissé – UNINOVE

A relação entre professor e aluno é importante e tem que ser ambital. O encontro deve ser promovido! Aprende-se melhor quando isso ocorre! Precisamos porém compreender o que isso quer dizer:
Esta discussão está baseada no livro de Domingos Lopez Quintás: “Descobrir a grandeza da Vida: introdução a pedagogia do encontro”
Alguns conceitos: experiências reversíveis, bidirecionais – união sem fusão – unidos, mas não confundidos.
Encontro: este se realiza quando entramos em jogo com uma realidade que tem algum tipo de iniciativa promovendo o enriquecimento mútuo. Ex.: Wilson, a bola de “O Náufrago”.                Quando há um encontro verdadeiro o objeto no nível 1 pode ser descartado, quando tenho uma relação criativa passo para o nº 2, quando é possível realizar um encontro. Há um âmbito.
Âmbito é toda a realidade que nem é apenas objeto e não é também uma pessoa. Desta realidade ambital nasce algum tipo de movimento, iniciativa, de possibilidades.
 Um encontro é quando dois âmbitos se entrelaçam e estabelecem uma experiência reversível. Você estabelece relação criativa com o objeto para produzir valores, beleza, ciência, arte, enfim, para produzir novas realidades e novos âmbitos. Quanto mais eu transformar os objetos com os quais convivo, em âmbitos, quanto mais âmbitos eu produzir mais criativo serei também mais harmonizado com a realidade .
Um professor tem que ser um ser ambital. Ser humano é um ser ambital por excelência, mas podemos desambitalizar. As pessoas podem ser usadas, se deixar usar, podem ser abusadas como meros objetos descartáveis.
Uma sala vazia pode ser de muitas possibilidades. Para se transformar em sala de aula, é necessário que as pessoas vejam ali um local de encontro e mediante ele criamos um âmbito local em que as experiências não entram em choque, mas se tornam em espaço de vivências de liberdades. Quando professor e alunos se tornam seres ambitais, querendo estabelecer o encontro entre si e com outras realidades, aquela sala de aula passa a ser um lugar de encontro com o conhecimento. Quando esta relação ocorre todos se sentem energizados a crescer mais. Você é criador ou não de âmbitos, você os constrói ou os destrói?




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Vídeo-Aula 13
A construção do fracasso escolar: os mecanismos do não aprender e os desafios do professor
Profª. Sílvia Colello –USP

O fracasso escolar mostra-se presente na educação brasileira. Por que isso acontece?
Explicações reducionistas: famílias desestruturadas, famílias carentes. Ou a sociedade corrompida, crise de valores, escola desestruturada, professores mal formados. Lógica de buscar dos culpados que não permite compreender o problema.
Pensemos nas dimensões do não aprender pensando nas relações:
·         Aluno-mundo: qual a razão que nossos alunos têm para aprender?
·         Mundo-escola: o que a escola ensina e o que deveria ensinar ?
·         Escola-aluno: como a escola ensina? Se o professor ensina porque o aluno não aprende?

Dimensões do não aprender e desafios do professor

O aluno no mundo de hoje: Qual a razão para aprender?


Há uma oposição quanto aos valores da sociedade capitalista e o conhecimento. Qual a razão para aprender se o que vale é o ter?  Nossos alunos têm estes valores, o que gera desafios. Hoje devemos resgatar o valor do conhecimento enquanto um bem que merece ser adquirido.


A escola no mundo de hoje: o que ensinamos?


           A metodologia na escola muitas vezes não tem sintonia com os interesses e com o processo cognitivo do aluno. As práticas mecânicas ensinam sem despertar o gosto, é enfadonho, cansa.
A falta de diálogo e negociação para um ensino significativo, além das práticas discriminatórias. A escola parece exercer uma pressão para igualar e empobrecer os alunos. Para além da culpabilização, o não aprender tem uma lógica que se explica através de múltiplas dimensões.
Lidar com as consequências do aprender que traz o desafio do professor. Se ajustar a dimensão cultural do aluno. O professor também precisa favorecer o diálogo, as relações estabelecidas na escola.
Há também o risco de aprender e não gostar, não usar, não ser crítico.
Ajustar a metodologia ao processo cognitivo do aluno. Valorização do ser, das  escolas e dos professores.






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Vídeo-Aula 14
Processos de aprendizagem e implicações para a prática docente
Profª. Sílvia Colello –USP

Mitos de aprendizagem:
·         Aprendizagem é consequência do ensino
·         A aprendizagem se faz em etapas que podem ser controladas pelo ensino linear, cumulativo, fragmentado e inflexível.
·         Aprender é diferente de usar o conhecimento
                A construção do conhecimento se dá através do contexto sócio-cultural do sujeito. Não se pode falar de aprendizagem livre do contexto cultural do aluno.
O sujeito aprendiz está sempre na relação com o outro e na relação com este outro que se vive o mundo, e isto se dá num universo sócio-cultural. Para além deste há a ciência que nem sempre é acessível pela vida cotidiana e que deve ser levada aos nossos alunos. O papel da escola é lidar com estas esferas, atravessá-las e estabelecer relações que as ultrapasse, e isso acontece pela dimensão cognitiva – saber fazer, pela afetiva- querer fazer é pela dimensão funcional, que é o poder fazer. É necessário sintonia entre as áreas. O professor faz isso pelo menos através da interação – encontro com as pessoas, a mediação que é o acesso do conhecimento e a linguagem instrumento de discussão, reflexão, etc.
                O aluno aprende, segundo Piaget a partir das experiências vividas sob a forma de um processo complexo e multifacetado, não como a imagem de uma escadinha, mas como uma rede onde muitas ideias se relacionam muitos pontos se encontram e ganham novos significados. Uma construção única para cada sujeito cognoscente.
Como o sujeito lida com a informação?
É como uma árvore cheia de galhos embaixo de uma chuva de argolinhas, os galhos representam as estruturas cognitivas e as argolas as informações que chegam para o individuo de diferentes formas, são argolas que se enroscam nos galhos. Uma segunda situação é quando a informação passa e se perde, o aluno não assimilou,  ou ainda a informação veio, foi assimilada mas não onde deveria, havendo distorção, são os ERROS CONSTRUTIVOS, aqueles que ajudam depois na reorganização do pensamento e no processo de aprendizagem, porém o sujeito piagetiano não é estático como a árvore, mas ativo na busca das informações, porém quanto mais galhos e mais fortes eles forem,  maior a possibilidade de fazer cresce-los. Como fazer crescer os galhos desta árvore então?
A dinâmica é esta:
Começa com uma situação problema a partir da qual o indivíduo lança mão de suas concepções e saberes e pensa em hipóteses para resolver o problema, antecipa os resultados da hipótese e vai para verificação da experiência que pode acontecer de diferentes formas, quando não ocorre da forma que pensou, vem o desapontamento que leva ao desequilíbrio cognitivo. Piaget diz que aprender tem uma dose de sofrimento por ter o sujeito que abrir mão de concepções e hipóteses para considerar outros pontos de vista, assim o sujeito evolui, quanto mais este ciclo girar, mais o sujeito vai aprendendo.
 Isto mostra o desafio do professor, as implicações para o ensino. Pela lógica se o conhecimento é ativo e se dá pela problematização e desestabilização das hipóteses, o ensino deveria funcionar numa lógica de ação-reflexão-ação. É verdade que a aprendizagem é uma atividade espontânea que pode ser otimizada pelo docente que cria condições para a experimentação e para a elaboração de hipóteses. O professor e aquele que propõe problemas e desestabiliza concepções prévias, favorece interação para a busca de soluções, favorece situações de observação, experimentação e pesquisa, favorece o debate, a reflexão, a criação, a consciência, o saber responsável, o registro, a sistematização do conhecimento e a proposta de novos problemas num ciclo sem fim, no qual se dá a construção do conhecimento.
Contemplando três aspectos aprender, tornar-se usuário do conhecimento no contexto da vida e conquistar o status de cidadão crítico e socialmente participante.


O professor e a cidade educadora
Profª. Rosa Iavelberg –USP

A cidade educadora como fonte de alimentação de conteúdos  para as aulas no espaço escolar.
Nem sempre decodificamos o que vemos em profundidade, nos valores ali contidos. Essa paisagem da cidade é datada, tem história e são visualidades que  formam o nosso olhar. Essa paisagem contemporânea convive com paisagens antigas, devemos usar essas paisagens, as obras de artes em espaços públicos para expandir  e conscientizar os estudantes acerca deste universo cultural.
Para que isso seja útil na sala de aula, podemos preparar visitas reais ou virtuais, através das quais os alunos conhecem a importância do lugar,  sua história etc. é possível lançar mão de pesquisas em livros, na internet e em outros meios que favorecem a ampliação das informações a serem obtidas nesta visita.
Os alunos devem ser preparados para as visitas. Existem vários tempos da atividade:
- no tempo anterior deve-se informar sobre o local, mostrar fotos, pontuar algumas informações. Pergunta também a experiência dos estudantes a respeito destes espaços, o que eles já aprenderam, etc.
- durante a visita é importante informar no espaço sobre o que eles estão vendo. É importante também deixar que desfrutem e aprendam por si um pouco. Deve ocorrer entre os pares, conversar entre eles o que estão vendo, que a gente escute e devolva de maneira organizada as observações de modo que se sintam participantes.
- depois da visita dar continuidade no trabalho, com estudo de outras áreas do conhecimento. Propor trabalhos práticos e reflexivos, considerar o material de pesquisa levantado. Pensar se os conteúdos a serem trabalhados com o grupo em questão. É importante que a gente levante pontos da cidade que os alunos queiram conhecer, mas também que o professor eleja aqueles que tem valor artístico, histórico e arquitetônico.
O aluno aprende a ver o entorno público, frequenta o espaço de maneira informada e vai além do que a simples observação revela. Esta metodologia pode ser utilizada desde a educação infantil. Levantar fontes históricas da cidade com as famílias. Há muitas maneiras de instigar o conhecimento da cidade educadora.
Ensinar sobre a arte presente na rua é dar acesso aos alunos e valorizar a presença da arte no cotidiano das pessoas e a presença da arte nos espaços públicos.


Vídeo-Aula 18
A escola e as instituições culturais
Profª. Rosa Iavelberg –USP
            Quantas alternativas se pode oferecer ao aluno que vão para além da sala de aula!
Nesta reflexão a profª.  Rosa está dando várias sugestões de trabalho com acervos culturais e isto nos leva a pensar que uma dose de boa vontade nos ajuda a encontrar possibilidades criativas em relação ao  trabalho em sala.
E aí, professores... vamos inovar?!?!?
 É importante que se trabalhe o conteúdo da escola com os acervos de instituições culturais como museus, mostras, etc. Podem ser presencialmente ou virtualmente. Essa parceria permite que se aprenda sobre objetos que engrandecem o conteúdo em sala de aula. Esses acervo traz dentro de si conteúdos de diversas áreas que vivificam o conteúdo e  escolar e favorecem a interdisciplinaridade.
            A cultura internacional e a brasileira devem fazer parte da sala de aula. É possível trabalhar a pré-história, a preservação ambiental e patrimonial e a produção de conhecimentos. É possível associar com sua vida e seu cotidiano. Também são interessantes para unir os alunos em torno do patrimônio cultural.



Vídeo-Aula 21
A complexidade da constituição docente
Profª. Sílvia Colello –USP
A situação do professor é complexa, necessariamente a realidade do professor é muito triste. Que professor é esse ? Quais os seus desafios? Qual a sua realidade? Como ele se coloca em face a realidade de ser professor?
Esta é uma profissão faz adoecer, castiga. Será que no exercício da profissão temos que assumir também a doença? Bom professor é aquele que abre mão da própria vida?
Até a década de 70 o fracasso escolar a culpa era do aluno. A partir de 80 os mitos que culpabilizavam o aluno foram caindo por terra, então o culpado passa a ser o funcionamento da escola. Nestes dois períodos a solução para os problemas era sempre delegada ao professor. Na constituição do professor tem fatores externos entre os quais há o processo de profissionalização dele e há também a profissionalidade que é a constituição interna  do professor. Assim ele vai se organizando, na sua visão de mundo e sua cultura profissional. Por outro lado esse professor tem que lidar com seus conhecimentos formais e suas concepções. alinhavando os tipos de saber há os formalmente aprendidos e os saberes  vividos que nos ajudam a testar os conhecimentos formais. Isto se dá a partir das condições  objetivas que é a organização do trabalho e das condições subjetivas que fala da satisfação, conflitos, etc.  Pensando isso em termos de perspectivas de trabalho, colocando todos esses ingredientes, pergunta-se: como exercer um trabalho transformador?  Não é só o conhecimento e a formação do professor que vale, mas o conhecer, viver o dia a dia da escola o refletir sobre isso e lutar por condições melhores do trabalho.  O professor tem que querer, estar aberto a mudança, pela perspectiva coletiva ele deve lutar pela constituição , colocar-se como sujeito do conhecimento, o que quer aprender, por outro lado, colocar-se como sujeito que cria caminhos e alternativas.
Nós temos dois grandes problemas: a difícil construção do ensino de qualidade, com uma prática renovadora e por outro lado a desvalorização do ensino e a falta de interesse dos jovens pelo magistério. A carreira docente não é mais atrativa, não estimula quem será o professor de amanhã? Podemos perceber então os vários desafios, práticos, concretos e difíceis de realizar.


Vídeo-Aula 22
Professor Leitor
Profº. Gabriel Perissé –USP
Para ser um bom professor é preciso... quantas coisas podem preencher esta lacuna, mas o professor Gabriel Perissé traz uma reflexão muito interessante sobre a leitura, ou seriam as leituras? Vale a pena conhecer o seu ponto de vista a respeito disso, não tenha preguiça de ler o texto e depois, faça a sua leitura a respeito do assunto...
Falando de formação do professor: veremos,  o que é ler?
Decifrar sinais, decifrar textos para obter resultados?
A leitura é um aprendizado a distância, pois o autor não está próximo. Tudo que está longe se aproxima mediante a leitura. Por outro lado, todo aprendizado é também uma leitura – leitura de mundo: exercício de interpretação.
Leitura não é só olhar símbolos no papel, mas abrir-se a outras realidades. A medida que eu me torno um bom leitor, me liberto dos preconceitos abrindo-me para as diferenças, para a diversidade.
No Brasil, lê-se 4,7 livros por pessoa, sendo que para leitor masculino, tem duas leitoras. Poucas bibliotecas e livrarias, concentrando-se nos grandes centros. Quase 70% das escolas públicas não tem biblioteca e as que possuem, passa boa parte do tempo fechada. Também esta é associada ao lugar de castigo.
Professores não tem o hábito da leitura, o que dificulta o seu trabalho de valorizar a litura para seus alunos. Muitos professores são analfabetos funcionais. Não basta estar alfabetizado, isto é muito pouco, precisamos pensar na formação profunda, literária do professor, para interpretar não só os livros, mas a própria vida a situação do aluno. Para aprender o sentido não evidente da realidade, as entrelinhas.
O professor não é tarefeiro, dador de aulas, mas alguém que inspire nos seus alunos a vontade de aprender.
Uma leitura viva, criativa, das entrelinhas me torna uma pessoa com assunto. Uma relação professor- aluno não pode se limitar à matéria dada, mas se deve abrir novas janelas para outros temas que fazem parte da vida dos alunos. A formação de um leitor consiste na abertura para conhecer as pequenas e as grandes histórias que estão na vida e no mundo.


Vídeo-Aula 25
Professor Pensador
Profº. Gabriel Perissé –USP

Como abordar essa questão?
Curiosidade: Porque? Curioso é o que pergunta e não se contenta com a primeira resposta.
O trabalho docente consiste em suscitar mais perguntas -  curiosidade insaciável. O introsismo em que as pessoas adentram a seara alheias sem aprofundar as próprias convicções a educação tem também a função de nos tornar ponderados. Um texto ampliado, lido nas entrelinhas, pela reflexão, pelo pensamento criativo deixa de ser um texto apenas e passa a ser alavanca para novas reflexões e alavanca para a construção de um  sistema pessoal de convicções.  Esta é a relação existente entre leitura e pensamento. Lendo  deixo a atmosfera do texto entrar em nossa vida e nos ajuda a nos compreender.
Infelizmente na educação contemporânea há muito “lixão de casa”, esse trocadilho não é casual, as crianças levam para casa tarefas desgastantes e inúteis. Quando a lição de casa é uma tarefa  existencialmente atraente, quando é para que a pessoa se desenvolva e encontre as motivações, deixa de ser “lixão de casa”.
 A pedagogia reflexiva não é apenas transmissão burocrática de conhecimento, ideias e informações, mas um encontro da iniciativa, criatividade, talento vocação dos professores e alunos. Estamos sendo convidados a não pensar e ao educador cabe andar na contramão desta informação. O professor leitor apreende novas ideias, cria novos assuntos e torna aqueles temas mais interessantes. Levando esta realidade surpreendente pra sala de aula, num clima reflexivo e de aposta no conhecimento ele faz o aluno pensar. ´


Vídeo-Aula 26
Professor Autor
Profº. Gabriel Perissé –USP
Para encerrar esta tríade, professor leitor, pensador e autor o professor Gabriel nos apresenta uma reflexão a respeito da autonomia e liberdade no papel de ensinar e propõe a presença do professor nos ambientes virtuais, professor deve estar sempre antenado, por dentro das coisas!!!! E você já pode se considerar autor do seu fazer pedagógico e pessoal?
A terceira dimensão da formação docente: ser autor
Primeiro lemos, depois refletimos e depois criamos e produzimos, somos autores.
Na expressão do sistema pessoal de convicções eu crio e tenho que expressar. Quando expressamos as nossas ideias nos expressamos como autores. Essa dimensão esbarra com a frase “manda quem pode, obedece quem tem juízo” . Que tipo de juízo é este que obedece sem juízo, ou seja, sem pensar. Nós exercitamos a autoria, a liberdade? O criador é livre, cria as próprias regras do seu fazer. Isto deveria estar presente na sala de aula. A situação de pouca liberdade recai sobre os alunos. A autonomia doente é uma conquista. Deve impor pela beleza do que faz.
O docente não é lacaio, deveríamos ensinar melhores maneiras de mandar, professores deveria ser referência, líderes sociais, intelectuais da sociedade. Ao planejar o professor precisa da autonomia. Professor autor deve interagir com pessoas de todas as idades, estar presente na web. Cada um de nós deve invadir a internet, se quisermos ser autores. Ser autor requer nova leitura de mundo, reflexão!